Geral – 05/04/2013 – 13:04
A maioria das pessoas tem, em alguma medida, medo de morrer. Mais do que saudável, esse sentimento é uma ferramenta de sobrevivência: é ele, por exemplo, que impede atitudes arriscadas, como atravessar a rua sem olhar ou não usar equipamentos de segurança ao fazer um esporte radical.
Porém, quando exagerado, esse temor pode causar danos. “Quem passa por isso deixa de realizar atividades importantes e de viver. De certa forma, essa pessoa já está morta”, diz Maria Julia Kovács, coordenadora do laboratório de estudos sobre a morte do Instituto de Psicologia da USP (Universidade de São Paulo).
A diferença entre o medo normal e o excessivo é que, enquanto o primeiro torna a pessoa mais cuidadosa, o segundo pode imobilizá-la. “Um bom indicador de que o temor passou do limite é a perda da liberdade”, afirma Maria Helena Franco, coordenadora do laboratório de estudos sobre o luto da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo).
“Se tenho medo de morrer viajando de avião, mas mesmo assim escolho ir, não perdi a liberdade. Mas tem gente que só vai de carro ou, pior, nem vai”, exemplifica.
Quem sofre desse mal também pode ter dificuldades de cumprir tarefas cotidianas, como ir trabalhar ou a aceitar um convite para uma festa. “Um exemplo, nas grandes cidades, são as pessoas que deixam de sair à noite e, em casos extremos, se trancam em casa”, diz Kovács.
Se a questão for a morte de entes queridos, a pessoa passa até a não querer ter relacionamentos para não precisar lidar com o fim deles.
“Quando amigos e parentes notam que há algo diferente, é é preciso abordar, perguntar se está tudo bem e, se for o caso, convencer quem tem o problema a procurar ajuda”, diz o psicanalista e professor da Unicamp Roosevelt Cassorla.
Fonte: Uol