Bernardino Freitas, 60 anos, encontrou no tratamento especializado a chave para superar o alcoolismo que o acompanhava por anos. Morador de Brasília (DF) há sete anos, ele decidiu procurar ajuda no Centro de Atenção Psicossocial (Caps) após perceber que sua saúde e a convivência familiar estavam se deteriorando devido ao vício. “Hoje me sinto muito melhor”, afirma, após dois anos longe do álcool e participando de grupos terapêuticos que o ajudam a lidar com a dependência.
O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece tratamento gratuito e especializado para dependentes de álcool, por meio da Rede de Atenção Psicossocial (Raps), que inclui 3.019 Caps em todo o Brasil. Essas unidades, que atendem pessoas de todas as idades, oferecem apoio psicológico e terapêutico, com equipes multiprofissionais e acesso direto, sem necessidade de agendamento para o primeiro atendimento.
No entanto, especialistas apontam desafios, como a falta de qualificação para identificar precocemente o alcoolismo e a escassez de profissionais especializados nos Caps. A socióloga Mariana Thibes destaca a importância de ampliar o acesso ao tratamento, especialmente para populações mais vulneráveis, como mulheres negras, que enfrentam dificuldades no acesso a serviços de saúde de qualidade.
A pandemia de covid-19 agravou a situação de muitos dependentes, com aumento no consumo de álcool e dificuldade de acesso a tratamento devido à sobrecarga dos serviços de saúde. Além disso, a publicidade abusiva nas redes sociais tem sido um fator preocupante, especialmente entre os jovens, com campanhas que retratam o álcool de maneira positiva.
A psiquiatra Olivia Pozzolo lembra que a prevenção também depende da participação das famílias, que podem ajudar na identificação precoce dos sinais de dependência, como a incapacidade de controlar o consumo e as consequências negativas causadas pela bebida.
Além do suporte institucional, a sociedade organizada também desempenha um papel importante. A Irmandade de Alcoólicos Anônimos (AA), que comemora 90 anos em 2025, oferece um programa de apoio comunitário, onde pessoas em recuperação se ajudam mutuamente a manter a sobriedade. No Brasil, a AA tem 3.802 grupos e 8.665 reuniões semanais.
Ana, integrante do AA, compartilha sua experiência de superação. Ela começou a consumir álcool aos 12 anos, mas aos 19, encontrou apoio na irmandade e conseguiu transformar sua vida, completando a faculdade e mantendo sua sobriedade. “Salvou minha vida”, relata.
Para aqueles que buscam ajuda, o AA oferece suporte contínuo, com grupos de apoio que ajudam na manutenção da recuperação, além de proporcionar uma nova perspectiva de vida sem o álcool. A história de Bernardino e de outros membros do AA reflete como o apoio médico e comunitário pode ser essencial para superar o vício e melhorar a qualidade de vida.
Com informações Agência Brasil