Presidente da CCJ do Senado esteve reunida com presidente da Petrobrás Roberto Castello Branco
12/12/2019 13h39
Por: Deyvid Santos
BRASÍLIA (DF) – Em entrevista ao programa Linha Direta com a Notícia desta quinta-feira (12), a presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado, Senadora Simone Tebet, afirmou que definições sobre a venda da UFN-3 devem ser repensadas após o carnaval. A senadora esteve reunida com o presidente da Petrobras Roberto Castello Branco.
“Algumas coisas eu não posso adiantar, porque ele me pediu confidencialidade. Mas o que eu posso adiantar é o seguinte: com a cessão onerosa da Petrobras, que eles esperavam que iriam ter uma receita de R$ 100 bilhões – e foram R$ 69 bilhões – a Petrobras teve que entrar com aporte financeiro e isso deixou ela um pouquinho descapitalizada. Um dinheiro que ela poderia investir em outras coisas e teve que cobrir a cessão onerosa. Por isso que eles falaram ‘só podemos conversar após o carnaval’”, disse Simone.
A senadora afirmou que a ideia é começar a pensar, a partir de fevereiro, uma nova forma de contrato, que deve ser estudada nos próximos 60 dias, para que uma nova licitação seja feita. “Nesta nova licitação duas coisas tem que acontecer: facilitar as regras e a Petrobras terá que oferecer o gás que tem de sobra”, afirmou a parlamentar.
Simone foi enfática ao afirmar que não se pode ficar na expectativa do gás boliviano, uma vez que a crise no país vizinho pode se arrastar por mais algum tempo. O importante seria a Petrobras oferecer o próprio gás brasileiro. “Se isto acontecer é possível em uma nova licitação qualquer empresa participar, inclusive a própria Acron – o que não significa que ela vai ganhar”, destacou.
Os detalhes, no entanto, deverão ficar apenas para o mês de março, uma vez que a estatal deverá realizar um estudo técnico, que deverá ser realizado em médio prazo, para definir as regras para a nova licitação.
ENTENDA
As negociações da Petrobras com o grupo russo Acron foram encerradas sem a venda da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados III (UFN-III), em Três Lagoas (MS). Estavam em curso conversas entre as empresas para a venda de 100% da participação detida pela Petrobras na UFN-III para produção de ureia e amônia.
Os motivos do encerramento das negociações com o grupo russo não foram divulgados, mas a Petrobras disse que permanece com seu posicionamento estratégico de sair integralmente dos negócios de fertilizantes, enquanto busca focar na exploração de petróleo no pré-sal.
Pra o secretário de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia (SEDECT) de Três Lagoas, José Aparecido de Moraes, o principal fator que levou os russos a desistirem do acordo foi o fornecimento de gás natural, prejudicado pelos recentes protestos e manifestações na Bolívia. Além de fornecer o gás natural (matéria-prima para o funcionamento da fábrica), a estatal boliviana Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB) abocanhou fatia de 12% no negócio, com opção de ampliar a participação para 30%.
Outro empecilho causado pela onda de protestos que toma conta da Bolívia é o impedimento no fornecimento de ureia para o Brasil. O produto é matéria-prima para a fabricação de fertilizantes. Comunicado da YPFB informou aos clientes que a rodovia Bulo Bulo-Santa Cruz está bloqueada e por isso os caminhões não estão conseguindo entrar na fábrica para encher as carrocerias.

