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sexta-feira, 29 de março, 2024

Rebanho bovino de Mato Grosso do Sul encolhe em quase 6 milhões de animais

O rebanho bovino de Mato Grosso do Sul encolheu nos últimos 18 anos. Em 2003, o Estado liderava com o maior plantel do Brasil, com 24,98 milhões de cabeças de gado. Já em 2020, foram registradas 19,02 milhões de animais – queda de 23,85% ou 5,96 milhões de bovinos.

Os dados fazem parte da Pesquisa da Pecuária Municipal realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ainda de acordo com o levantamento, entre 2019 e 2020, também houve retração de 1,9% no número de animais, saindo de 19,40 milhões para 19,02 milhões no período.  

Segundo o presidente do Sindicato Rural de Campo Grande, Rochedo e Corguinho (SRCG), Alessandro Coelho, o rebanho deve ficar ainda menor nos próximos anos.  

“Esse rebanho vem sofrendo muita pressão nos últimos anos. A redução decorre da baixa rentabilidade, o preço da arroba não supre os custos. O produtor tem sido desestimulado a continuar no setor. Por isso, qualquer outra cultura se sobressai”, explica.

“Não há reconhecimento da indústria frigorífica. Há uma década, nosso preço era bem próximo ao de São Paulo, hoje, o nosso está uns R$ 20 menor”, completa.  

“A pecuária, com certeza, já está abaixo desses números [do IBGE]. Uma tendência para os próximos anos é uma queda maior do plantel. Esse rebanho se reduzirá por conta do abate de fêmeas que não é reposto, então, nos próximos dois anos, teremos mais reduções”, avalia Coelho.

Conforme relatório de movimentação de bovinos da Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro), Mato Grosso do Sul produziu 2,19 milhões de cabeças para abate de janeiro a agosto de 2021. Queda de 12,57% em relação ao mesmo período de 2020.

A ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Tereza Cristina Dias, acredita que a pecuária do Estado pode voltar a crescer. 

“Mato Grosso do Sul já foi maior rebanho brasileiro de bovinos comerciais, hoje já não é mais. Mas Mato Grosso do Sul é conhecido no mundo todo pela qualidade da sua carne “, afirmou em entrevista exclusiva ao Correio do Estado no fim do ano passado.  

“Portanto, eu acho que nós temos como crescer, como verticalizar utilizando um maior número de animais por metro quadrado, tendo um desfrute maior do seu rebanho e principalmente prezando pela qualidade que sempre foi uma marca registrada do rebanho sul-mato-grossense”, completa.

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MUDANÇA

Para a economista Adriana Mascarenhas, os dados refletem a mudança no perfil produtivo do Estado. 

“A matriz econômica do Estado deixou de ser boi e soja. A integração lavoura-pecuária e lavoura-pecuária-floresta veio para ficar. Porque o produtor entendeu que ele tem um ativo nas mãos que pode render muito mais a ele. Hoje, o produtor faz uma pecuária menos extensiva, e o foco dele é mais qualidade mesmo. O motivo da redução do rebanho é esse”, avalia a economista.

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Conforme os dados do IBGE, em 2003 o Estado registrava o maior rebanho do País. Já em 2004, o vizinho Mato Grosso assumiu a ponta e MS se manteve em segundo até 2006; entre 2007 e 2010, figurou como 3º maior produtor; de 2011 a 2018, manteve a quarta posição no ranking nacional; e em 2019 e 2020, ocupou a quinta posição.  

“O que importa é a qualidade dessa carne. E realmente a pecuária está dividindo espaço com lavouras e com florestas também”, diz a economista.  

Dados do boletim técnico da Federação da Agricultura e Pecuária de MS (Famasul) mostram que a área de soja, por exemplo, saiu de 1,9 milhão de hectares em 2012 para 3,5 milhões em 2021.  

O presidente do sindicato acredita que cada vez mais pecuaristas migrem para outras áreas. “A agricultura mais pujante faz com que o excesso de oscilação de riscos da pecuária desestimulasse o produtor”, analisa Coelho.

“A pecuária leiteira, por exemplo, foi praticamente extinta no Estado. Hoje, o produtor que continua na pecuária está rotacionando com outras culturas em decorrência desse baixo rendimento”, completa.

PREÇOS

Dados da Scot Consultoria mostram que em Campo Grande o preço da arroba do boi saiu de R$ 310,50 em agosto para R$ 303,50 em setembro e ontem era negociada a R$ 273, para pagamento à vista e livre de Funrural. Neste caso, a retração foi de 12% em dois meses.  

Já no pagamento a prazo para 30 dias, a queda foi de 13,11%, saindo de R$ 316,50 no oitavo mês do ano para R$ 275 em outubro.  

Em Dourados, o preço da arroba saiu de R$ 310,50 à vista e R$ 316,50 no pagamento a prazo para R$ 269 e R$ 271, respectivamente. Já em Três Lagoas, a arroba do boi saiu de R$ 305,50 para R$ 267 na compra imediata e para 30 dias caiu de R$ 311,50 para R$ 269.

Apesar da queda no preço pago ao produtor, na ponta final para consumidor não há redução de preços. O presidente do SRCG afirma que algumas plantas frigoríficas fecharam e houve ainda a queda nos abates no Estado, por isso, na hora de repassar, a queda é mínima.

“Quando a arroba cai não gera o mesmo reflexo que a escalada de subida que é muito forte,[a queda] demora a chegar para o consumidor”, conclui Coelho.

Segundo o proprietário de um açougue em Campo Grande, os frigoríficos têm mantido os preços altos na hora de repassar para as revendas. 

“Não teve nenhuma baixa na praça de Campo Grande, muito pelo contrário, não teve retração, a crescente que teve se manteve. A gente sabe que eles estão pagando menos na arroba, mas para nossa compra não teve queda nenhuma”, disse empresário que preferiu não se identificar.

Conforme dados do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial, a carne bovina acumula alta de 21% no ano e 34% em 12 meses.

Informações do site Correio do Estado

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