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Projeto Caminhar leva ação social e terapia a detentas de CG

Geral – 10/07/2012 – 13:07

A construção de uma nova realidade, trabalhando conceitos fundamentais como família, dignidade, saúde, autoestima e amor ao ser humano. Com esse objetivo, está sendo desenvolvido no Estabelecimento Penal Feminino “Irmã Irma Zorzi” (EPFIIZ), na Capital, um projeto de terapia em grupo que está ajudando reeducandas a pensarem em um novo sentido para vida, longe das drogas e da criminalidade.

Iniciado no mês de abril, o projeto recebeu o nome de “Caminhar”, título escolhido pelas próprias custodiadas. Durante os encontros semanais, todas as terças-feiras, a partir da 13h, são realizadas palestras socioeducativas, discussões de temas propostos, dinâmicas em grupo e atividades de lazer, entre outras ações.

Segundo a coordenadora do “Caminhar”, Rosana Costa, psicóloga da Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen), a ideia do projeto surgiu da preocupação com o grande índice de reincidência entre as internas. “Também me identifico com esse tipo de trabalho, e por já ter experiências anteriores executadas em presídios onde eu trabalhei”, informa. Rosana destaca que o grande objetivo da proposta é desenvolver iniciativas para recuperá-las, antes de se tornarem definitivamente criminosas em alto potencial.

Para o desenvolvimento do projeto foram selecionadas, inicialmente, 35 reeducandas. Houve uma seleção através de encaminhamentos de outros setores, além daquelas que já realizavam acompanhamento psicológico e que realmente gostariam de participar. “Já temos uma lista de espera para a formação dos próximos grupos”, complementa, informando que o cronograma de atividades com esse primeiro grupo tem previsão de duração de quatro meses.

A responsável pelo projeto destaca que as participantes precisam seguir algumas normas para continuarem no projeto, sendo permitida, no máximo, duas ausências nos encontros e não se envolverem em faltas disciplinares na unidade penal. “Eu, o setor de disciplina e a direção do presídio somos bem rígidas quanto a isso, como não é uma ação obrigatória, elas precisam demonstrar que estão realmente interessadas e querem realmente melhorias e valorizar a oportunidade que tiveram”, comenta.

Os temas abordados nas palestras são bem diversificados. Um deles foi “técnicas de hipnose”, ministrado pelo especialista em Neolinguística e Hipnoterapia, Jorge Luiz Aguinaga Nahabedian, levando como mensagem principal o poder do pensamento positivo. “Se pensarmos no sucesso, teremos sucesso; e se pensarmos em termos fracasso, naturalmente também isso acontecerá, é o poder das palavras e da mente”, disse durante a palestra.

Outro assunto apresentado foi “os efeitos das drogas ilícitas, álcool e tabacos sobre o organismo humano”, pelo professor Antônio Pancrácio de Souza, adjunto do curso de Anatomia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. A promotora de Justiça Regina Broch, também já participou do encontro, ouvindo solicitações e levando orientações às detentas.

Foram discutidos, ainda, os seguintes temas: técnicas de primeiros socorros em situações de emergências (técnica de enfermagem Nilzenéia Costa); o uso substâncias psicoativas e a importância do esporte na vida (advogado e ex-BBB Dilson Mad Max Walcares Rodovalho), e autoestima e amor próprio (psicóloga Flora da Costa Raimundo). Na última reunião mensal é comemorada festa das aniversariantes do mês (integrantes do Projeto) com direito a bolo, refrigerantes e entrega de presentes a aniversariantes.

Para o dia 24 deste mês, entre outras ações, está prevista a apresentação de uma escola de samba da Capital, com as internas vestindo fantasias, como uma forma de levar alegria e entretenimento às custodiadas.

Transformação

A atividade em grupo desenvolvida no presídio feminino da Capital baseia-se na reafirmação constante de valores e da superação. O combate ao vício de drogas e ao alcoolismo é um dos maiores desafios, mas com técnicas de valorização da autoestima e na responsabilização pelas atitudes tomadas – e suas consequências – já está conseguindo alguns avanços.

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A reeducanda Silvana Regina Gomes, 42 anos, é uma das participantes e afirma que o projeto já a ajudou a ter um novo sentido para a vida. Portadora de doenças crônicas e após ter passado 17 anos de sua vida em presídios de São Paulo, entes de ser presa no Estado, ela conta que já pensou em cometer até suicídio. “Mas aí eu comecei a participar do grupo e fui começando a ver um sentido pra minha vida. Agora eu penso diferente, que vale a pena viver. A dona Rosana é muito atenciosa com a gente e cada pessoa que vem aqui dar palestra traz uma palavra positiva, uma informação nova, dá importância pra gente. Então eu percebi que se eles dão importância pra mim, por que eu não “daria”, afirma.

O controle da agressividade foi o principal ponto conquistado através do “Caminhar”, segundo a interna Gilsara Santos, 37 anos. “Eu era muito irritada, agressiva, revoltada, e fui aprendendo a ter amor pelo próximo e a dar mais valor às coisas da vida; hoje vejo sentido em coisas que não imaginava que pudesse fazer sentido, e consigo ter um melhor convívio”, revela.

Interação com a sociedade

Um dos pontos fortes do “Projeto Caminhar” é a interação com a sociedade. Vários grupos são parceiros e colaboradores, contribuindo com a apresentação de palestras, realização de atividades e distribuição de brindes. Integrantes do “Jacaré Triciclo Clube” e “Motoclube Feras do Pantanal” e Rotary Clube Cidade Morena são colaboradores, além do Centro de Valorização à Vida (CVV), Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), instituições religiosas, profissionais autônomos e liberais, entre outros.

A diretora do EPFIIZ, Mari Jane Boleti Carrilho, destaca que a ação desenvolvida pelo Projeto Caminhar também tem uma característica social muito grande. “A Rosana se mobiliza bastante, conseguiu, junto aos parceiros, doação de agasalhos, roupas novas para as internas participantes. É muito bonito esse trabalho e muito positivo para o presídio”, comenta.

A empresária Sandra Lopes Quadros é a madrinha do projeto, interagindo e estando presente semanalmente com todas elas. Sandra garante que o trabalho é muito gratificante e tem certeza que ajudará a fazer a diferença na vida dessas mulheres. “Eu sempre me interessei pelo trabalho social e me sensibilizei com essa causa. Acredito que a gente pode ajudá-las a ter uma nova vida, que não se envolvam novamente com o crime. Mesmo que algumas voltem, cada pessoa que a gente conseguir resgatar já será muito positivo, muito significante”, enfatiza. “E se mais pessoas se dedicassem, seria muito melhor”, completa.

“O importante é sempre fazer o algo a mais em nossas vidas, pois com boa vontade, determinação, fé e amor, conseguimos resultados satisfatórios e reconhecimento enquanto seres humanos e profissionais que realmente querem ajudar o próximo, só depende de nós mesmos”, conclui a coordenadora Rosana Costa.

Fonte: Divulgação

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