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sexta-feira, 19 de setembro, 2025

Produtores do MT querem ferrovia para escoar soja

07/02/2014 – Atualizado em 07/02/2014

Por: FOLHAPRESS

Produtores de grãos do Mato Grosso querem que o governo estude a construção de uma ferrovia de 1.100 km entre Lucas do Rio Verde (MT) e Itaituba (PA) para levar a produção agrícola da região para a exportação.

Na semana passada, o governo anunciou que vai lançar estudo para fazer a duplicação da rodovia BR-163 justamente nesse trecho, cobrando pedágio. O custo de transporte por ferrovia é em média 40% mais barato do que por caminhão. Por isso, os produtores articulam para que a solução por ferrovia também seja considerada.

O pedido para realizar o estudo de viabilidade da ferrovia, apelidada de Ferrogrão, foi feito ontem ao Ministério dos Transportes pelo empresário Guilherme Quintella, da EDLP (Estação da Luz Participações). A companhia participa de outros projetos ferroviários no país, entre eles a implantação de trens regionais em São Paulo em parceira com o Banco BTG Pactual. A empresa já vem estudando projetos de linhas de trem de carga na região desde o ano passado.

Caso o ministério aprove o pedido da empresa, a companhia ou alguma outra interessada pode realizar o estudo e entregá-lo ao ministério. Depois, caso o estudo aponte que o trecho é viável, o governo tem a opção de fazer a obra com recursos próprios ou conceder para a iniciativa privada. Só então a companhia é ressarcida pela pesquisa.

Para contemplar a região agrícola do Mato Grosso, o governo planejou uma ferrovia entre Lucas do Rio Verde e Uruaçu (GO), local onde ela se encontra com a Ferrovia Norte-Sul. Na Norte-Sul, as cargas poderia seguir tanto para os portos da região Norte como do Sul e Sudeste.

Essa ferrovia entre Mato Grosso e Goiás é considerada prioritária no programa de concessões do governo federal e a previsão era que fosse a primeira a ir a leilão, ainda este ano. Não havia previsão de conceder o trecho entre Lucas e Itaituba no atual programa, apesar desse trecho fazer parte do programa ferroviário brasileiro pelo menos desde a década de 1980.

Corredor
O senador Blairo Maggi (PR-MT), que é acionista da Amaggi, uma das maiores comercializadoras de soja do país, é um dos apoiadores do estudo para a Ferrogrão. O Movimento Pró-Logística, organização criada pela Aprosoja (Associação dos Produtores de Soja e Milho do Mato Grosso), também chancelou o pedido para a abertura do estudo da ferrovia.

Para Maggi, a ferrovia nesse trecho teria a vantagem de criar um corredor direto de exportação, sem a necessidade de fazer baldeação entre ferrovias, o que aumenta custos e cria insegurança em relação ao tempo de chegada da carga no porto. Em Itaituba, há um porto de onde barcaças podem levar os grãos do Rio Tapajós ao Rio Amazonas e de lá para os países compradores na Ásia e Europa.

Para o senador, será difícil o governo viabilizar uma concessão rodoviária na região porque é uma área praticamente desabitada. No ano passado, o governo concedeu a BR-163 entre o Mato Grosso do Sul e a cidade de Sinop, já no Mato Grosso. As empresas que venceram as concorrências vão ter que duplicar a estrada em cinco anos em troca da cobrança de pedágio. Na semana passada, a presidente Dilma Rousseff anunciou que seriam iniciados estudos para que o trecho entre Sinop e Itaituba também seja concedido.

“Não sei se fecha a conta”, disse o senador sobre a concessão da BR-163 do Mato Grosso ao Pará.

Edeon Vaz, que dirige o Movimento Pró-logística, acredita que o trecho ferroviário entre Lucas e Itaituba é viável e que o estudo da rodovia pode ser feito já pensando na ferrovia. Segundo ele, a partir de 2020, 30 milhões de toneladas de grãos ao ano vão ser exportadas pela região Norte o que garante “carga para todo mundo”.

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A balança comercial da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA) registrou uma queda de US$ 300 milhões nas exportações de alimentos industrializados em agosto, o que representa uma retração de 4,8% em relação a julho. No total, o setor exportou US$ 5,9 bilhões no mês. O principal fator para a queda foi a redução nas compras dos Estados Unidos, que importaram US$ 332,7 milhões em agosto — queda de 27,7% em relação a julho e de 19,9% na comparação com agosto de 2024. TARIFA Segundo a ABIA, o resultado reflete a nova tarifa de 50% imposta pelo governo norte-americano sobre produtos brasileiros, além da antecipação de embarques em julho, antes da entrada em vigor da medida. Em julho, os EUA haviam importado US$ 460,1 milhões em alimentos industrializados do Brasil. Os produtos mais afetados foram: Açúcares: queda de 69,5% Proteínas animais: recuo de 45,8% Preparações alimentícias: baixa de 37,5% INFLEXÃO “O desempenho das exportações nos dois últimos meses evidencia uma inflexão clara: o crescimento expressivo de julho foi seguido por ajuste em agosto, sobretudo nos EUA, impactados pela nova tarifa, enquanto a China reforçou seu papel como mercado âncora”, afirmou João Dornellas, presidente executivo da ABIA. Segundo Dornellas, a retração indica a necessidade de o Brasil diversificar seus parceiros comerciais e ampliar sua capacidade de negociação. MÉXICO Com a queda nas exportações aos EUA, o México despontou como um dos mercados em ascensão. As exportações para o país cresceram 43% em agosto, totalizando US$ 221,15 milhões — cerca de 3,8% do total. O principal produto comprado pelos mexicanos foram proteínas animais. “O avanço do México, que coincide com a retração das vendas aos Estados Unidos, indica um possível redirecionamento de fluxos e a abertura de novas rotas comerciais, movimento que ainda requer monitoramento para identificar se terá caráter estrutural ou apenas conjuntural”, afirmou a ABIA. IMPACTO A projeção da entidade é de que os impactos da tarifa norte-americana se intensifiquem no acumulado de 2025. Entre agosto e dezembro, a estimativa é de uma retração de 80% nas vendas para os EUA dos produtos atingidos pela tarifa, com perda acumulada de US$ 1,351 bilhão. CHINA A China manteve a liderança entre os compradores de alimentos industrializados brasileiros, com importações de US$ 1,32 bilhão em agosto — alta de 10,9% sobre julho e de 51% em relação ao mesmo mês de 2024. O país asiático respondeu por 22,4% das exportações do setor no mês. OUTROS Outros mercados apresentaram desempenho negativo: Liga Árabe: queda de 5,2%, com US$ 838,4 milhões importados União Europeia: retração de 14,8% sobre julho e de 24,6% na comparação com agosto de 2024, com compras de US$ 657 milhões No acumulado de janeiro a julho de 2025, as exportações do setor somaram US$ 36,44 bilhões, uma leve queda de 0,3% em relação ao mesmo período de 2024. A principal causa foi a menor produção de açúcar durante a entressafra. SUCO Um dos poucos segmentos que registrou crescimento foi a indústria de suco de laranja, que não foi afetada pelas tarifas. Em agosto, o setor teve alta de 6,8% em relação a agosto de 2024, embora tenha recuado 11% frente a julho por causa da antecipação de embarques. EMPREGO A indústria de alimentos fechou julho com 2,114 milhões de empregos formais e diretos. No comparativo interanual, o setor criou 67,1 mil novas vagas entre julho de 2024 e julho de 2025, o que representa crescimento de 3,3%. Somente em 2025, foram abertos 39,7 mil postos diretos e outros 159 mil na cadeia produtiva, incluindo agricultura, pecuária, embalagens, máquinas e equipamentos.