08/08/2014 – Atualizado em 08/08/2014
Enfermeira prestou depoimento hoje e afirmou que chegou a manipular medicamentos no setor
Por: Diário Digital
A Polícia Civil pode pedir a prorrogação do inquérito, que termina no próximo dia 20, e apura as mortes no setor de oncologia da Santa Casa de Campo Grande. Hoje (7) a polícia ouviu em depoimento, a enfermeira Giovana de Carvalho Pentiado, que também fazia manipulação dos medicamentos no hospital.
Giovana chegou por volta das 14h40 desta quinta, acompanhada pelo advogado Felipe Barbosa, e não quis falar com a imprensa. A enfermeira foi ouvida por cerca de quatro horas pela delegada Ana Cláudia Medina, da 1ª Delegacia de Polícia. “Ela trabalha há sete anos no setor de oncologia do hospital e informou que fazia manipulação de medicamentos durante a ausência do farmacêutico responsável”, conta. De acordo com a polícia, os conselhos regionais de Farmácia e Enfermagem serão acionados. “Já fiz o pedido para que o conselhos se manifestem”, fala Medina.
Ainda, segundo a delegada, Giovana falou no depoimento que mantinha contato com as três mulheres, que morreram no setor de oncologia. “Ela me contou a rotina, sobre os medicamentos e também disse que tinha bastante contato com as vítimas. Quando elas começaram a sentir os primeiros sintomas antes das mortes, procuraram pela enfermeira Giovana”, explica.
A delegada informou que há a possibilidade de pedir a prorrogação do inquérito. “Temos bastante dados e informações para confrontar, o depoimento de hoje foi satisfatório e as investigações estão avançando, mas há possibilidade da prorrogação por mais trinta dias”, fala. Medina também disse que pode ter ocorrido falha no registro de dados da manipulação dos medicamentos.
Na próxima terça-feira, dia 12 de agosto, o farmacêutico Raphael Castro será ouvido. Ele pode ser uma das peças chaves para a investigação.
Nesta quarta-feira, dia 6, a farmacêutica Rita de Cássia Junqueira Godinho prestou depoimento na delegacia sobre as mortes. Na ocasião a delegada afirmou que há um desencontro de informações entre o livro de registro dos pacientes e o prontuário médico. E também, para a polícia, a demora na divulgação das mortes tem prejudicado o trabalho de investigação. Desde o início das investigações, a polícia já ouviu familiares das vítimas e médicos.
A Santa Casa cancelou os serviços que eram prestados por uma empresa terceirizada, após a morte de três pacientes, que passavam por quimioterapia na Santa Casa, entre os dias 10 e 12 de julho deste ano. O dono da clínica é Adalberto Siufi, pivô nas investigações de irregularidades da Operação Sangue Frio.
Os óbitos estão sendo investigados por uma comissão que tem a participação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O lote dos medicamentos aplicados nos três pacientes, o 5FU (5-Fluorouracil) e o Leucovorin, foi suspenso.
Depois da suspensão, o Hospital de Câncer Alfredo Abrão assumiu a manipulação dos remédios e continua prestando serviços de oncologia para a Santa Casa de Campo Grande. De acordo com o diretor-presidente do HC, Carlos Alberto Coimbra, não há um prazo para o término do serviço.
