12/05/2014 – Atualizado em 12/05/2014
Cláudia Ferreira foi arrastada por carro de PMs após ser baleada em favela. Seis PMs foram indiciados por fraude processual; 2 deles por homicídio.
Por: G1
Após dois meses, o inquérito que investiga a morte da auxiliar de serviços gerais Cláudia Ferreira da Silva — arrastada por um carro da PM após ser baleada em um morro do Subúrbio do Rio, em março deste ano — foi finalizado pela Polícia Civil. Como mostrou o Bom Dia nesta segunda-feira (12), o delegado que investiga o caso entregou a documentação ao Tribunal de Justiça na sexta-feira (9). Seis policiais militares foram indiciados por fraude processual e dois deles vão responder também por homicídio culposo — quando não há intenção de matar.
O tenente Rodrigo Boaventura, o sargento Zaqueu Pereira Bueno, o cabo Gustavo Meirelles, os subtenentes Adir Serrano Machado e Rodnei Miguel Arcanjo e o sargento Alex Sandro da Silva Alves, indiciados pela Polícia Civil, disseram que chegaram ao Morro da Congonha, em Madureira, cerca de meia hora após o chamado para socorrer Cláudia. Rodrigo Boaventura e Zaqueu Pereira Bueno admitiram ter trocado tiros com traficantes no local no dia 16 de março, quando a auxiliar de serviços gerais foi baleada.
Os agentes serão levados a júri popular e, se condenados, podem pegar até 2 anos de prisão. O advogado Nélio de Andrade, que defende Rodrigo Boaventura e Zaqueu Pereira Bueno, disse que o tiro que atingiu Cláudia não partiu das armas desses dois policiais.
Segundo o atestado de óbito, a causa da morte foi “laceração cardíaca e pulmonar de ferimento transfixante do tórax por ação perfurocortante”, ou seja, devido ao tiro.
‘Acharam que era bandida’, diz filha
Thaís Lima, filha de Cláudia Silva Ferreira, disse que os policiais que estavam no local acharam que Cláudia tivesse envolvimento com o tráfico de drogas. Thaís foi ao estúdio do Bom Dia Rio no dia seguinte da morte da mãe para contar como tudo aconteceu. Na ocasião, ela afirmou que não acreditava na versão da Polícia Militar.
“Foi só virar a esquina e ela deu de frente com eles. Eles [os policiais] deram dois tiros nela, um no peito, que atravessou, e o outro, não sei se foi na cabeça ou no pescoço, que falaram. E caiu no chão. Aí falaram [os policiais] que se assustaram com o copo de café que estava na mão dela. Eles estavam achando que ela era bandida, que ela estava dando café para os bandidos”, contou.
Segundo Thaís, os moradores tentaram impedir que a polícia levasse Cláudia do local. No tumulto, policiais teriam atirado para o alto para afastar as pessoas. Ainda segundo ela, o porta-malas do carro da PM que levou Cláudia abriu uma primeira vez na Rua Buriti, logo após o socorro feito pelos PMs.
“Um pegou ela pela calça e outro pela perna e jogou dentro da Blazer, lá dentro, de qualquer jeito. Ficou toda torta lá dentro. Depois desceram com ela e a mala estava aberta. Ela ainda caiu na Buriti [rua, em Madureira], no meio do caminho, e eles pegaram e botaram ela para dentro de novo. Se eles viram que estava ruim porque eles não endireitaram (sic) e não bateram a porta de novo direito?”, questionou.
