Modalidade de pagamento isenta de taxas para pessoas físicas é alvo de investigação dos EUA, sob o comando de Donald Trump
Alvo de investigação do governo norte-americano, o Pix sistema de pagamentos instantâneos criado pelo Banco Central do Brasil é amplamente defendido pelo setor comercial de Mato Grosso do Sul, que o considera indispensável para o varejo estadual.
O sistema foi citado em um processo aberto pelo USTR (Escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos), que investiga o Brasil por supostas “práticas desleais” em serviços de pagamentos eletrônicos. O relatório, divulgado na última terça-feira (15), inclui o Pix entre os tópicos analisados, mesmo sem mencioná-lo diretamente.
A presidente da FCDL/MS (Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas de Mato Grosso do Sul), Inês Santiago, afirma que o Pix, desde sua implementação em 2020, transformou o relacionamento do comércio com os meios de pagamento, proporcionando agilidade, redução de custos operacionais e mais segurança.
Segundo ela, o sistema beneficia especialmente os pequenos lojistas, ao eliminar burocracias, facilitar o controle financeiro e aumentar a competitividade. “Trata-se de um recurso que fortalece a economia local, promove inclusão financeira em todas as regiões do Estado e contribui para a modernização do ambiente de negócios brasileiro”, destacou.
Santiago defende que o Pix seja reconhecido como infraestrutura essencial, com proteção jurídica e institucional contra pressões externas. “O Brasil é um Estado soberano, com plena autonomia para definir e conduzir sua política financeira interna”, completou.
No setor rural, o Pix também é amplamente utilizado. O analista econômico da Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de MS), Jean Carlos da Silva Américo, afirma que a ferramenta se adaptou à rotina do campo, com uso frequente para pagamentos de insumos, fornecedores, transporte e mão de obra eventual.
Américo ressalta que grandes transações e operações ligadas ao comércio exterior ainda utilizam os mecanismos tradicionais, mas destaca a praticidade do Pix para transferências fora do horário comercial e em regiões distantes.
Sobre a investigação dos EUA, o analista aponta que possíveis impactos ainda são incertos, mas alerta para necessidade de cautela e acompanhamento das decisões.
Para o vice-presidente da ACICG (Associação Comercial e Industrial de Campo Grande), Omar Aukar, a investigação norte-americana não deve afetar o uso do Pix nem interferir nas discussões tarifárias entre os países. Ele reconhece que a ferramenta reduziu receitas de bancos e operadoras de cartão, mas considera o Pix um avanço tecnológico que atrai atenção internacional.
Dados do Sebrae/MS e IBGE, através da pesquisa “Pulso dos Pequenos Negócios”, mostram que 54% dos clientes de micro e pequenos empreendedores em MS utilizam o Pix como principal meio de pagamento. O Estado liderou o ranking nacional em 2023 no uso da ferramenta para compras e contratação de serviços. Cartões de crédito e débito aparecem com 14% e 9% de preferência, respectivamente.
O relatório preliminar da USTR aponta que o Brasil pode estar beneficiando serviços locais com o Pix, em prejuízo de empresas norte-americanas, como operadoras de cartão Visa e Mastercard. O documento também investiga temas como pirataria, tarifas sobre produtos dos EUA, corrupção, desmatamento e restrições à transferência de dados.
A reportagem procurou o Banco Central e a Febraban (Federação Brasileira de Bancos) para comentar a investigação, mas não obteve retorno até a publicação.
Informações:Midiamax