Tecnologia aposentou os telefones públicos, antes essenciais na rotina dos três-lagoenses
Antes do WhatsApp, das chamadas de vídeo e dos smartphones, a comunicação em Três Lagoas, e em todo o Brasil, passava obrigatoriamente por uma figura icônica: o orelhão. Símbolo das décadas de 1980, 1990 e início dos anos 2000, ele era parte da rotina de quem precisava falar com parentes distantes, amigos ou até namorar à distância.
Espalhados por praças, calçadas, escolas e até frente de casas, os orelhões eram ponto de encontro e, muitas vezes, de fila. As tarifas promocionais formavam aglomerações em horários estratégicos, especialmente para chamadas interurbanas.
ROTINA
Quem viveu a era analógica se recorda com precisão dos detalhes: o som das fichas metálicas caindo, os cartões telefônicos coloridos que viraram itens de coleção, e a pressa para conseguir um aparelho livre. Em Três Lagoas, era comum ver crianças trocando cartões como se fossem figurinhas e adolescentes que sabiam de cor os números de telefone dos amigos.
Também havia os casais, que marcavam encontros fixos “no fio”, transformando o orelhão em ponto de comunicação e romantismo.
DESAPARECIMENTO
Com o avanço da tecnologia e a popularização dos celulares, os orelhões perderam espaço e função. Aos poucos, foram sendo retirados das ruas ou abandonados. Hoje, restam poucos aparelhos em funcionamento. Alguns ainda estão de pé nas calçadas da cidade, silenciosos e sem uso, quase como monumentos involuntários de um passado recente.
A transformação é radical: o que antes exigia paciência, fichas e tempo, hoje se resolve com toques na tela do celular.
A memória dos orelhões em Três Lagoas é também a memória de uma época em que a comunicação era mais lenta, mas talvez mais intencional. Cada ligação era pensada, cada conversa mais valorizada. E embora os tempos tenham mudado, para melhor em muitos aspectos, há quem sinta falta do charme da espera e da importância dada a cada ligação.

