Autoridades defendem atuação das forças de segurança, enquanto organizações denunciam chacina em maior operação dos últimos 15 anos
A Operação Contenção, realizada na última terça-feira pelas polícias Civil e Militar do Rio de Janeiro, deixou 119 mortos, sendo 115 civis e quatro policiais. O balanço foi atualizado nesta quarta-feira pelo secretário de Polícia Civil, Felipe Curi, em entrevista coletiva.
Segundo as autoridades, o número de vítimas ainda pode aumentar. A operação — considerada a mais letal da história do estado — teve como alvo integrantes do Comando Vermelho e resultou em 113 prisões, além do apreendimento de 118 armas, sendo 91 fuzis.
“A polícia não entra atirando, entra recebendo tiro. O resultado quem escolheu não foi a polícia, foram eles”, afirmou Curi, defendendo que a ação foi “legítima e planejada”.
Críticas e denúncias
Movimentos sociais, moradores e organizações de direitos humanos classificaram a operação como “chacina” e “massacre”, denunciando o uso excessivo da força e o risco imposto à população civil.
Especialistas em segurança pública também criticaram a alta letalidade e a exposição de moradores durante o confronto, que causou pânico na cidade, com tiroteios intensos, fechamento de vias, escolas, comércios e postos de saúde.
Curi rebateu as críticas e disse que “chacina é a morte ilegal”, e que o ocorrido foi uma “ação legítima do Estado” para cumprir mandados de prisão e apreensão. Segundo ele, as pessoas mortas estão sendo tratadas oficialmente como criminosos que atentaram contra policiais.
Objetivos da operação
A Operação Contenção tinha como meta conter o avanço do Comando Vermelho e cumprir 180 mandados de busca e apreensão e 100 de prisão, sendo 30 emitidos pelo estado do Pará, parceiro na ação.
De acordo com Curi, a operação representou “o maior golpe sofrido pela facção”, com perdas de armas, drogas e lideranças. As autoridades estimam que as drogas apreendidas somem toneladas.
Versão da Secretaria de Segurança
O secretário de Segurança Pública, Victor dos Santos, minimizou o número de mortos civis e afirmou que a operação deixou apenas oito vítimas — quatro inocentes feridos e quatro policiais mortos.
“As demais mortes foram de criminosos que optaram por não se render. A alta letalidade era previsível, mas não desejada”, disse.
Uso de câmeras e operação na mata
As forças de segurança informaram que as câmeras corporais foram utilizadas, mas algumas ficaram sem bateria devido à longa duração da operação. As autoridades afirmam que o confronto foi deslocado para uma área de mata, na tentativa de preservar moradores.
A ação contou com 2,5 mil policiais e é a maior realizada no Rio de Janeiro nos últimos 15 anos. Moradores da região relataram que retiraram corpos da mata e os levaram para a Praça São Lucas, na Penha, zona norte da capital.
Com Informações Agência Brasil/ Reescrito por Thais Constantino


