A pandemia evidencia as desigualdades para acessar a rede segundo os especialistas
17/05/2020 16h08
Por: Patrícia Fernandes com informações da Agência Brasil
BRASIL (BR) – Há cerca de 4,8 milhões de crianças e adolescentes, na faixa dos 9 aos 17 anos, que não possuem acesso a internet em casa, eles correspondem a 17% de todos os brasileiros nessa faixa etária. Esses dados foram divulgados no começo da semana passada pelo Fundo Das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
Esse levantamento foi feito pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (Nic.br). Os dados foram solicitados pelo Unicef para medir em meio a pandemia quantas crianças e adolescentes estão sem acesso as aulas online e a outros conteúdos da internet que garantam a continuidade do aprendizado.
“A gente está em um momento de crise, uma crise aguda em função da pandemia, que vai ter impacto na vida das crianças e adolescentes, como um todo. Do ponto de vista da educação, a gente está com uma questão séria: o que é preciso fazer para que essas crianças e adolescentes tenham acesso a algum tipo de aprendizagem”, disse o chefe da Educação da Unicef, Ítalo Dutra.
Segundo Dutra, a pandemia evidencia desigualdades que já são enfrentadas no cotidiano em todo o país, há escolas que tem infraestrutura adequada e de qualidade, só que outras não, e isso causa um impacto no aprendizado das crianças.
DESIGUALDADE
A pesquisa mostra que, entre aqueles que não tem acesso a internet em casa, alguns até conseguem acessar a rede de outros locais, como escolas, telecentros ou outros espaços, isso antes da medida de isolamento social, na qual a pesquisa foi feita em entre outubro de 2019 e março de 2020.
Ao todo, os que não tem nenhum tipo de acesso a internet, chegam a 11% da população nessa faixa etária, a exclusão é bem mais entre crianças e adolescentes que vivem nas áreas rurais, onde a porcentagem daqueles que não tem acesso pode chegar até 25%. Nas regiões Norte e Nordeste, o percentual é de 21% e entre os domicílios de classe D e E, são de 20%.
Mesmo para quem tem internet em casa, a qualidade de conexão não é a mesma. “A gente nota que, mesmo entre os que tem acesso, há diferença em relação a posse de um pacote de dados 3G ou acesso ao wi-fi, o que limita o tipo de conteúdo que pode ser acessado”, diz Senne.
DIFICULDADES
Mesmo com todo o preparo, nem tudo sai como o esperado e a conexão as vezes se torna uma barreira. Um dos estudantes por exemplo, está em um local que tem baixa qualidade de internet, “quando ele entra na sala, a gente tem muita dificuldade para ouvi-lo, ele fala e as coisas picotam, a internet cai e ele não consegue voltar.
ALTERNATIVAS
No final do mês passado, o Conselho Nacional de Educação (CNE) autorizou, em parecer a oferta de atividades não presenciais em todas as etapas de ensino, da educação infantil até o ensino superior.
As atividades não presenciais, podem ser ofertadas por meios digitais, ou não. Podem ser ministradas por meio de vídeo aula, de conteúdos organizados em plataformas virtuais de ensino e aprendizagem e pelas redes sociais, entre outros. Podendo também ser oferecidas por meio de programa ou rádio, pela adoção de materiais didáticos impressos e distribuídos aos alunos, pais e responsáveis, dando orientação aos projetos de pesquisas, leituras, atividades e exercícios, que são indicados pelos materiais didáticos.
O CNE diz que é preciso em cada localidade, observar a realidade das redes de ensino e os limites de acesso aos estabelecimentos de ensino e dos estudantes as diversas tecnologias disponíveis, na hora de definir estratégias educacionais para o período de pandemia.
