Fernando Garcia destacou que muitos recusam abrigo oferecido pela Prefeitura de Três Lagoas por não aceitarem as normas de convivência nos centros de acolhimento.
O secretário municipal de Assistência Social de Três Lagoas, Fernando Garcia, participou na manhã da última sexta-feira, 19, do programa ‘Bom Dia Toninha Campos‘, da Caçula FM, onde apresentou um panorama das ações da pasta e destacou os principais desafios enfrentados pelo município na área social.
Durante a entrevista, o secretário enfatizou a estrutura da rede de atendimento social da cidade, que conta com CRAS, CREAS, Centro e Acolhimento POP, unidades de acolhimento para crianças e idosos, além de parcerias com instituições regionais. Segundo ele, o sistema é amplo, mas enfrenta alta demanda e falta de vagas, principalmente para idosos.
“Hoje, temos mais pessoas precisando de acolhimento do que vagas disponíveis. Há uma demanda reprimida de 45 idosos aguardando vaga em instituições de longa permanência”, revelou Fernando.
O secretário lamentou o crescimento de casos de abandono de idosos por familiares, apontando que muitas famílias têm solicitado institucionalização sem apresentar motivos graves. “Tem filhos que dizem simplesmente que o pai ‘dá trabalho’. Isso é triste. Nossos pais cuidaram da gente. A institucionalização deve ser o último recurso, não o primeiro”, destacou.
Fernando também comentou sobre o aumento da população em situação de rua em Três Lagoas, atualmente, segundo ele, são 133 pessoas, incluindo moradores locais e pessoas vindas de outras cidades. “Três Lagoas é vista como uma cidade acolhedora. Muitos vêm porque sabem que aqui recebem ajuda. Mas precisamos entender que dar comida ou esmola não resolve. A verdadeira ajuda é oferecer oportunidade de reintegração social”, explicou.
O secretário ainda falou sobre projetos de reinserção social e destacou a importância da colaboração entre as secretarias de Saúde, Desenvolvimento Econômico e Assistência Social. “Nosso objetivo não é apenas tratar, mas acompanhar cada pessoa até que consiga voltar a ter autonomia, trabalho e moradia. Já temos casos de sucesso, mas é um trabalho contínuo”, afirmou.
Outro ponto levantado por Fernando foi a necessidade de fortalecer o vínculo familiar e o planejamento das famílias. Ele citou o aumento de casos de gravidez precoce e a falta de preparo emocional e financeiro de jovens que constituem família cedo demais. “Hoje vemos meninas de 13, 14 anos com filhos. Isso vira um ciclo familiar. Precisamos quebrar esse padrão e incentivar o estudo, a autonomia e o cuidado com o futuro”, alertou.
Garcia reforçou o compromisso da Prefeitura com o acolhimento humano e responsável das pessoas em vulnerabilidade, mas destacou que a sociedade também precisa participar. “A assistência social é um braço do poder público, mas o coração precisa vir das famílias e da comunidade. Só assim conseguiremos cuidar verdadeiramente de quem mais precisa”, concluiu.


