Vítima disse que conseguiu escapar do imóvel e casal a encontrou perdida na rua e pediu ajuda na igreja do bairro. No local, PM viu a situação e a levou para delegacia, quando polícia ficou sabendo da situação.
31/03/2021 11h43
Por: Gabrielle Borges
“Era obrigada a limpar duas casas no mesmo terreno e a comer somente as sobras de comida, depois que todo mundo já tivesse terminado”. É este o trecho do depoimento de uma mulher, de 34 anos, natural de Mateus Leme, em Minas Gerais e que viveu 9 meses em condição análoga à escravidão, em uma casa no bairro Guanandi, em Campo Grande.
A polícia ficou sabendo dos fatos há 9 dias, após ela conseguir escapar do local e pedir ajuda na rua. No entanto, se perdeu no trajeto e conseguiu ajuda de um casal, que a colocou no carro e a levou para uma igreja nas proximidades. No local, um policial militar assistia um culto e presenciou os fatos, quando tomou para si a responsabilidade e levou a vítima para a Casa da Mulher Brasileira.
“A mulher estava com a chave do portão, então saiu pedindo ajuda na noite de domingo e se perdeu, porque não conhece nada aqui. E é neste momento que eu queria ressaltar a ajuda de um casal, que a encontrou perdida na rua, precisando de ajuda e tiveram a coragem de colocá-la no carro. Depois o PM a trouxe na Casa da Mulher Brasileira e lá ela passou por todo o nosso atendimento psicológico”, afirmou a delegada Joilce Ramos.
Conforme a delegada, a vítima possui retardo mental, porém, consegue falar com clareza. “Ela disse que fazia 15 dias que estava aqui, ainda está sem noção do tempo. Nós ligamos para a mãe dela e ela nos contou que já fazia 9 meses que ela não tinha notícias da filha. No depoimento, a mulher conta que foi visitar uma antiga patroa da mãe e de lá foi trazida a força para Campo Grande”, contou.
Delegada custeou passagem para vítima
Após instaurar inquérito e finalizar o procedimento, a delegada disse que a mulher ressaltou o quanto queria ir embora e ver novamente a mãe dela. “A Casa da mulher Brasileira não tem setor específico para comprar passagens e, quando isso ocorre, geralmente é feita uma vaquinha. Nesse caso, uma passagem de avião iria demorar muito, por ser mais cara e eu acho que ela não teria condição de ir embora de ônibus, então eu paguei e o caso já está com a polícia de lá também”, finalizou.
A Polícia Federal (PF) também tomou conhecimento dos fatos e dará prosseguimento às investigações.



