Um estudo apresentado na Conferência Anual da Sociedade de Biologia Experimental, realizada em Antuérpia, Bélgica, no último dia 8, revelou que as mudanças climáticas podem comprometer a qualidade nutricional dos alimentos, com consequências diretas para a saúde humana.
A pesquisa, liderada pela doutoranda Jiata Ugwah Ekele, da Universidade John Moores de Liverpool (Reino Unido), mostra que o aumento do dióxido de carbono (CO₂) na atmosfera e as temperaturas elevadas afetam negativamente o desenvolvimento de vegetais folhosos como espinafre, couve e rúcula. Entre os impactos observados estão alterações na fotossíntese, redução na absorção de minerais essenciais e menor concentração de compostos antioxidantes.
Os experimentos foram realizados em câmaras com ambientes controlados que simulam o clima futuro no Reino Unido. As plantas foram cultivadas sob diferentes níveis de CO₂ e calor, e depois analisadas quanto à sua composição nutricional. Os resultados preliminares indicam que, apesar do crescimento mais rápido e volumoso das culturas, houve queda significativa em nutrientes importantes como cálcio, proteínas e vitaminas.
Segundo Ekele, esse desequilíbrio pode levar a uma alimentação mais calórica, porém menos nutritiva, elevando o risco de obesidade, diabetes tipo 2 e deficiências imunológicas, especialmente em populações já vulneráveis a doenças crônicas.
Embora o estudo tenha sido conduzido no Reino Unido, os impactos são globais. A pesquisadora destaca que regiões tropicais e subtropicais, onde milhões dependem diretamente da agricultura, enfrentam desafios ainda maiores, como secas, pragas e degradação do solo, o que pode agravar a insegurança alimentar.
O alerta reforça a necessidade de políticas públicas e inovações agrícolas para mitigar os efeitos das mudanças climáticas sobre a cadeia alimentar e a saúde global.
Com informações CNN Brasil