19/08/2013 – Atualizado em 19/08/2013
Imagens do Fantástico mostram internos sendo agredidos em São Paulo. Funcionários foram afastados de suas funções.
Por: G 1 Notícias
O Ministério Público de São Paulo fará uma vistoria na manhã desta segunda-feira (19) na unidade da Fundação Casa da Vila Maria, na Zona Norte da capital. Imagens exibidas pelo Fantástico deste domingo (18) mostram dois funcionários espancando seis internos. O diretor da unidade João do Pulo e três coordenadores foram afastados de suas funções.
O Complexo da Vila Maria abriga atualmente 521 adolescentes. Para a promotoria da Infância e da Juventude, o ideal seria ter cerca de 320. O complexo é dividido em oito casas, como são chamados os centros de atendimento socioeducativo. As agressões foram registradas na Casa João do Pulo, em maio deste ano. A capacidade da unidade é para 40 adolescentes, segundo o Ministério Público. Atualmente, entretanto, há 64 internos, com idades entre 12 e 18 anos. Eles cumprem medidas socioeducativas por roubo e tráfico de drogas.
As imagens exibidas pelo Fantástico foram gravadas logo após uma tentativa de fuga, no Centro de Atendimento João do Pulo, na noite de 3 de maio. Na quadra, os adolescentes ficam sentados, só de cuecas. O diretor da unidade, Wagner Pereira da Silva, acompanha tudo. Perto dele, um funcionário repreende os menores pelo motim.
“Vou falar para os senhores: a mãe dos senhores vai visitar os senhores lá no IML. Lá no IML. Vai visitar no IML, porque eu não vou ‘dar boi’”, ameaça o funcionário que ainda não foi identificado. “Dar boi” significa “facilitar”.
Após ver as imagens do espancamento, a presidente da Fundação Casa (antiga Febem), Berenice Giannella, afastou dos cargos o diretor da unidade João do Pulo e os dois coordenadores que aparecem nas imagens agredindo os adolescentes – Maurício Mesquita Ilário e José Juvêncio . O coordenador de segurança Edson Franciso da Silva também foi afastado. Eles não quiseram falar com a reportagem do Fantástico.
“Vamos também informar o caso à policia para instauração de inquérito policial porque isso se configura crime de tortura. Isso também precisa ser apurado na esfera criminal. Daria como punição demissão por justa causa imediatamente. É que eu não posso fazer isso. Se eu pudesse, eu o faria”, ela afirma. Como são servidores públicos, os funcionários afastados só podem ser demitidos após responder a um processo administrativo.
Os seis jovens agredidos foram identificados e transferidos de unidade. Por questões de segurança, todas as informações deles – como nome, idade e motivo da internação – serão mantidas em sigilo. Segundo Berenice, os funcionários devem ser punidos nas esferas administrativa, civil e criminal.
Nos últimos cinco anos, 65 funcionários foram demitidos por agredir adolescentes. “A formação, a capacitação é dada. Mas, infelizmente, o desvio de caráter não é possível capacitar”, destaca Berenice Giannella.