Após depoimentos e laudo da pericia, apuração afasta hipótese de estupro de menina de 3 anos; mas mesmo assim, família pode ser indiciada e responder na justiça
11/01/2021 14h38
Por: Paulo Renato
** Aquidauana (MS) ** – Depois de ficar presa por seis dias, a mãe da menina de 3 anos que sofreu queimaduras de 2º grau e lesões no ânus durante suposto ritual de cura, ganhou o direito de responder ao inquérito, aberto pela DAM (Delegacia de Atendimento à Mulher) de Aquidauana, em liberdade.
No dia 6 de janeiro, a Polícia Civil foi chamada por médico que atendeu a criança e suspeitou que a paciente havia sofrido violência sexual.
Hoje, porém, depois de ouvir a mãe, por mais de uma vez, coletar o depoimento do padrasto e do profissional de saúde que recebeu a menina no Hospital Regional de Aquidauana, a principal linha de investigação da delegada Karen Viana de Queiroz, responsável pelo caso, é que a mãe tenha ferido a filha por “pura ignorância”.
“A lesão (anal) é igual (às de estupro), mas agora os depoimentos vão contextualizar. Qual foi o objetivo? Se libidinoso ou não”, explicou a delegada.
Foi a mãe da criança quem chamou o médico responsável pelo atendimento aos indígenas aldeados da região e esse profissional, ao mesmo tempo em que enviou a menina para o hospital, acionou a polícia. Naquela dia, a mulher foi presa.
Num primeiro momento, a mãe disse que o padrasto havia abusado da filha. A polícia foi atrás dele, na fazenda onde trabalha, e o mesmo negou a acusação. O homem revelou que a mãe e a avó materna da menina haviam levado a criança em um curandeira.
Confrontada, a mulher admitiu ter mentido sobre o companheiro. Disse que a filha estava constipada há pelo menos 10 dias e por isso, procurou tratamento alternativo. A curandeira fez a menina se sentar em tijolos quentes e a mãe afirma que assim que percebeu que a filha estava se queimado, a pegou no colo.
A criança teve queimaduras graves. Mas, ainda supostamente em tentativas de fazer a criança defecar, a mulheres manusearam um palito de madeira (desses usados para fazer as unhas) e introduziram o dado no ânus da criança. Por isso, ele apresentava sangramento quando chegou ao hospital.
A vítima passou por lavagem intestinal e teve os ferimentos tratados no hospital. Ela foi encaminhada para abrigo pelo Conselho Tutelar.



