Internacional – 11/02/2012 – 13:02
Em 2011, a população do mundo árabe se insurgiu contra governos autoritários. A escalada da violência, seguida de avanços democráticos, foi acompanhada praticamente em todos os momentos por meio de redes sociais, como o Facebook, e de microblogs, como o Twitter. Mas a blogueira sírio-espanhola Leila Nachawati, em entrevista ao Terra e outros jornalistas, frisou que a luta de verdade acontece longe das redes sociais. “Ela é feita com sangue, não com a web. A realidade não é um videogame. Tem sofrimento, pessoas sendo torturadas e massacradas”, declarou.
O discurso é compartilhado por Charles Lencher, do movimento Occupy Wall Street, de Nova York, e Olmo Gálvez, da Acampada del Sol, de Madri, na Espanha – todos presentes na conversa. “A ação em redes sociais ajuda a furar o poder das grandes corporações midiáticas e dá voz ao povo, que consegue dizer ao mundo o que acontece, fazer vídeos e postar no YouTube”, falou, ao ressaltar que o papel da tecnologia é importante, mas, neste caso, ele é secundário.
Gálvez salientou também que, apesar dos avanços tecnológicos, as revoluções acontecem nas ruas, com ativistas como eles, que arriscam a vida para tornar o mundo um local mais justo. “As revoluções sempre aconteceram na história da humanidade. Elas não nasceram com a internet”, lembrou Nachawati. “Estamos aqui para falar dos 99% das pessoas que não têm acesso à comida, à educação e que sofrem todos os dias. Esta é a nossa ênfase”, complementou Lecnher.
Questionados sobre o que os motivava a participar de um evento como a Campus Party, patrocinado por grandes indústrias do planeta, Nachawati tomou a frente e se impôs categoricamente: “eu posso criticar a Telefônica no momento que eu achar apropriado. O importante é que eu não sofri nenhum tipo de censura da companhia quanto a isso”, afirmou. “Eu não viria ao Brasil se eu não pudesse falar livremente. Você se define pelos seus valores, não por aquilo a que você é contra”, encerrou.
Fonte: Terra