Policial – 16/03/2012 – 11:03
Uma juíza aposentada Sonja Faria de Sá, de Mato Grosso, é suspeita de usar dinheiro público pagar serviços domésticos e até um funcionário para cuidar dos cães dela.
A denúncia foi feita pelo Ministério Público de Mato Grosso referente ao período em que Sonja trabalhou em Jaciara, a 148 quilômetros de Cuiabá.
Segundo a denúncia, os funcionários estavam em outro estado, a mais de 2 mil quilômetros de distância.
A magistrada aposentada nega as acusações.
Valdomiro Wanto, que foi um dos funcionários da juíza, contou quais eram as tarefas que eram executadas na casa da então magistrada.
“Cuidar do filho dela, limpar a sujeira do cachorro na grama, fazer compras, pagar conta”, relatou.
Ele era nomeado no gabinete da magistrada em Jaciara, mas estava morando em Curitiba (PR).
O salário era de R$ 1.600 por mês, pago pela Justiça de Mato Grosso.
“Ela falou que ia trabalhar para o Tribunal, mas aqui em Curitiba”, contou.
Quando perguntado se a juíza havia deixado claro quem pagava o seu salário dele, o caseiro foi enfático.
“Sim, eu sabia quem me pagava”, pontuou.
Aline Becker e Adalberto Souza dos Santos também moram em Curitiba e estavam nomeados no gabinete da magistrada em Jaciara.
Adalberto era agente de segurança e trabalhou um ano e oito meses.
Já Aline trabalhou 358 dias na função de secretária.
Em depoimento à Justiça, Aline e Adalberto confirmaram que prestavam serviços domésticos para a magistrada e recebiam o salário do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, sendo que nunca saíram de Curitiba.
O Ministério Público pediu na Justiça a indisponibilidade dos bens da ex-magistrada e quer a devolução do dinheiro recebido pelos servidores.
O valor da causa foi fixado em R$ 230 mil, conforme informou promotor de Justiça Mauro Zaque.
“O Ministério Público pede a devolução do valor, além disso, pedimos que seja aplicada uma multa de três vezes mais o valor que implicou em enriquecimento ilícito”, informou.
Sonja Faria de Sá está aposentada por problemas de saúde e mora em Curitiba.
Na época da nomeação dos servidores que trabalhavam em Curitiba e não em Mato Grosso ela fazia tratamento na capital do Paraná.
Ela não quis dar entrevista mas a conversa com uma repórter foi gravada.
“Não eram funcionários do fórum.
Eram funcionários do gabinete do juiz.
Não houve fraude alguma, porque quem contrata é o Tribunal de Justiça”, contou.
No entanto, o Ministério Público acredita que não há dúvida de que a conduta da ex-magistrada feriu a lei.
“Todo juiz tem direito a funcionários no gabinete, mas tem que estar no gabinete.
Eles não prestaram nenhum tipo de serviço para o Poder Judiciário do Estado”, disse o promotor Mauro Zaque.
O advogado da juíza, Gabriel Araújo, disse que já apresentou a defesa na ação de improbidade administrativa.
Ele afirma que a contratação foi autorizada pelo Tribunal de Justiça e que a juíza, além de estar com problemas de saúde, vinha sofrendo ameaças.
A assessoria de imprensa do Tribunal informou que quando o juiz se afasta, entra em licença médica, ou sai de férias, os funcionários nomeados no gabinete devem ficar à disposição no gabinete onde o magistrado trabalha.
Fonte: G1