Ah, a Geração Alpha, esses pequenos nativos digitais que mal aprendem a falar e já dominam a tecnologia como ninguém! Esses jovens, nascidos entre meados dos anos 2010 e 2020, estão crescendo em um mundo onde a internet e os dispositivos móveis são parte integrante da vida cotidiana. Eles são marcados pela Era da Internet, com atividades que facilmente se estabelecem no ambiente digital. É natural, então, que se veja uma criança no celular durante a maior parte do tempo. Mas será que é realmente tão inofensivo assim?
Primeiro, vamos falar sobre as relações interpessoais. O domínio que as crianças têm sobre a tecnologia faz com que muitas vezes se preocupem menos com as interações face a face. Suas formas de diversão e comunicação se tornaram digitais – jogos online, vídeos nas redes sociais, tudo isso substitui aquelas brincadeiras de rua e conversas ao redor da mesa de jantar. Isso pode gerar uma preocupação: estamos criando uma geração que sabe tudo sobre como se conectar virtualmente, mas cada vez menos sobre como se conectar pessoalmente.
Além disso, a saúde mental das crianças é uma questão importante. Passar muito tempo no celular ativa o sistema de recompensa do cérebro, o que pode ser prejudicial. Imagine só: a cada ponto ganho em um jogo ou “like” recebido nas redes sociais, o cérebro das crianças recebe uma dose de gratificação. Isso pode levar à perda de controle dos impulsos e problemas de inibição, já que suas funções cognitivas ainda estão em desenvolvimento. É como se, de tanto receber recompensas, o cérebro começasse a exigir cada vez mais, criando um ciclo vicioso de dependência.
E há mais. O uso excessivo de dispositivos móveis também traz prejuízos para a dinâmica familiar. Lembro-me de uma época em que todos se sentavam juntos para jantar e conversar sobre o dia. Hoje, cada um fica com seu celular, comendo em frente à TV ou no quarto. Esse distanciamento pode enfraquecer os laços familiares e reduzir o diálogo, que é essencial para a transmissão de valores e sentimentos. A tecnologia, que deveria aproximar, muitas vezes acaba distanciando.
Outro ponto importante é a qualidade do sono. Estudos mostram que o tempo excessivo de exposição às telas está associado a uma piora na duração e na qualidade do sono de adolescentes e crianças. A luz das telas estimula o cérebro, dificultando o sono. Por isso, é recomendado limitar o uso de aparelhos eletrônicos, como celulares e tablets, pelo menos duas horas antes de dormir.
E não podemos esquecer dos riscos de depressão. Crianças que passam mais de duas horas por dia em frente às telas podem desenvolver mudanças de humor repentinas, sintomas de depressão e ansiedade. As redes sociais, com seus padrões de felicidade permanente e corpos perfeitos, podem causar frustração e tristeza, além do cyberbullying, que é um problema crescente.
A obesidade também é um risco. O sedentarismo causado pelo uso excessivo de eletrônicos foi estudado pela Associação Americana do Coração, que apontou uma ligação clara entre a falta de atividade física e o aumento da obesidade infantil. Precisamos incentivar as crianças a se movimentarem, a jogarem bola, a andarem de bicicleta. Atividades ao ar livre são essenciais para um crescimento saudável.
No final, o equilíbrio é a chave. A tecnologia trouxe muitos benefícios e ferramentas de aprendizado, mas seu uso deve ser moderado. A vida além das telas – com brincadeiras, passeios e interações reais – é fundamental para o desenvolvimento saudável das crianças da Geração Alpha. Vamos ajudar nossos filhos a encontrar esse equilíbrio, para que possam crescer de forma saudável e feliz.

Colaborou Patrícia Mendes Vieira, Professora de artes visuais, pós-graduada em educação especial, pós graduada em gestão e coordenação, MBA gestão de pessoas e Coaching
graduada em recursos humanos.


