39.3 C
Três Lagoas
domingo, 5 de outubro, 2025

Histórias de Três Lagoas: Camisa de Couro, o Jagunço do Cerrado | Cap. 02

No primeiro capítulo dessa série, você conheceu como Antonio Joaquim Aragão, o Camisa de Couro, foi brutalmente assassinado em frente a Prefeitura de Três Lagoas, no dia 8 de novembro de 1961.

Mas a presença dele nas “bandas de cá” começou a ser percebida no final da década de 50. Essa história, cheia de mistério e curiosidades, você vai conhecer agora.

Capítulo 2 – Lagoa Redonda, Lampião e os Bons Amigos

Antonio Joaquim de Aragão nasceu no dia 26 de setembro de 1934 em Lagoa Redonda, povoado da cidade de Itabi, interior de Sergipe.

Lagoa Redonda, povoado de Itabi, interior de Sergipe (Foto: Autor Desconhecido)

Durante a infância, com as privações típicas do sertão nordestino, viu e ouviu as histórias do Rei do Cangaço, Virgulino Ferreira da Silva, o famoso Lampião.

Bando de Lampião que invadiu Itabia, em 1936 (Foto: Autor Desconhecido)

Ele tinha apenas dois anos quando um grupo de Lampião, liderado por Mariano e mais sete cangaceiros (Criança, Cruzeiro, Zepelim, Zabelê, Pavão, Adelice e Rosinha) invadiu Itabi no dia 20 de outubro de 1936, espalhando terror nos moradores locais.


Talvez esse tenha sido um dos motivos pelo qual familiares de Antonio tenham migrado para os arredores de Três Lagoas. Grandes fazendas estavam sendo abertas e a oportunidade de trabalho no sul do país eram maiores.

Não se sabe como ele cresceu nem exatamente o que fez até os seus 17 anos. No entanto, existem registros de que ele teria fugido de Sergipe após ter cometido um crime por lá.

Do início dos anos 50 até chegar em Três Lagoas, no final da década, Camisa de Couro teria deixado um rastro de sangue pelos lugares que passou (Paraná, Goiás e cidades do interior paulista).

Por aqui, viu terra fértil para o seu negócio. Eram bastante comuns, na época, as disputas por terras e por poder político. Numa terra quase sem lei, encomendar a morte do inimigo era um “jeito fácil” de resolver algumas desavença.

Num tempo em que pistoleiros conviviam com “gente de bem” e movimentava o comércio local, nem sempre eles eram vistos com “maus olhos”.

Não foi diferente com Camisa de Couro. Ele chegou em Três Lagoas e logo fez boas amizades. João Carapina e Alberto Armeiro eram alguns deles.

O primeiro tinha um açougue e terras na região. Antes de conhecer Camisa de Couro, no entanto, já tinha seu nome envolvido no “Sindicato do Crime” (assunto para próximo capítulo).

O segundo, era dono da oficina de armas da cidade. Morava perto da Estação Ferroviária (onde hoje é a vila dos Ferroviários) e sua esposa, dona Áurea, era tratada como “madrinha” por ele. Camisa de Couro se hospedou várias vezes na casa deles.

Outra casa que Camisa de Couro frequentava era a do senhor Dorival Floriano, dono de uma oficina mecânica. Ao lado de sua esposa, dona Minda, também recebera o jagunço algumas vezes.

Ibrahim, padeiro aposentado, foi parceiro de farra dele. Não eram raras as vezes que os dois “sumiam” pela região da “zona do meretrício” que se transformaria, anos depois, na vila Frineia.

Azevedo era seu alfaiate. “Ele pagava o dobro”. E experimentava as roupas sempre de “olho pra rua”. Era esperado que ele agisse assim.

Com as crianças, Camisa de Couro, era extremamente amável. Sempre comprava e distribuía doces para elas.

Mas a prova de que era temido mesmo frequentando o comércio, bares e casas da sociedade três-lagoense, é a uma história narrada pelo saudoso jornalista Luiz Correa Filho (Luizinho).

“Eu era engraxate e ele frequentava a barbearia do meu pai na época. Um dia, ele cortou o cabelo, fez a barba e me chamou para ir até o bar Esporte com ele. No meio da rua, nos deparamos com um jipão da polícia. Na mesma hora, os policiais desceram e saíram correndo. O jipão ficou ligado. Só voltaram para pegar o carro depois que tinha certeza que o Camisa de Couro não estava mais lá”.

Três Lagoas tinha fama de terra sem lei. Muitos pistoleiros iam e viam por aqui. E muitos casos e mortes aconteceram e nunca mais foram esquecidas.

Vamos contar algumas delas no próximo capítulo de Camisa de Couro, o jagunço do cerrado!

Deu na Rádio Caçula? Fique sabendo na hora!
Siga nos no Google Notícias (clique aqui).
Quer falar com a gente? Estamos no Whatsapp (clique aqui) também.

Veja também

HPV, gripe e sarampo: campanha atualiza vacinas de crianças e adolescentes em outubro

A campanha de multivacinação começa na próxima segunda-feira (6). A ação tem como objetivo atualizar as cadernetas de vacinação de quem está com doses...

Palhaço Guidofredo abre evento “Eu Acredito no Brincar” com espetáculo que encantou crianças e adultos na Lagoa Maior

Show de abertura levou música e muita interação ao público; programação especial teve diversas atrações gratuitas em comemoração ao Dia das Crianças Na manhã deste...

Três Lagoas se despede de Amadeu Batista Ramos, o “Mineiro”, mestre da Companhia de Reis Estrela de Belém

Com mais de 70 anos dedicados à cultura popular e à fé nos Três Reis Magos, Mineiro deixa um legado de tradição, música e...