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sexta-feira, 20 de junho, 2025

Guerra no Oriente Médio e incertezas globais adiam retomada da UFN3 em Três Lagoas

Entrega de propostas para conclusão da maior fábrica de fertilizantes da América Latina é adiada para agosto, onde previsão de retomada das obras está prevista para março de 2026.

A retomada das obras da UFN3, a Unidade de Fertilizantes Nitrogenados da Petrobras, em Três Lagoas sofreu mais um revés. A fase de entrega de propostas para a licitação da obra, que estava prevista para esta semana, foi adiada para o final de agosto. O motivo seria devido a instabilidades geopolíticas globais, como a ofensiva entre Irã e Israel e a política tarifária volátil dos Estados Unidos sob o governo do presidente Donald Trump, que têm causado impactos diretos nos preços internacionais do petróleo.

A informação foi confirmada pela ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, durante evento em Campo Grande nesta semana. “As empresas que participam da concorrência solicitaram mais tempo para entrega das propostas. A situação internacional tem afetado o preço do petróleo e a estabilidade do mercado, o que influencia diretamente nos custos do projeto”, explicou.

Segundo Tebet, mesmo com o adiamento, o cronograma da Petrobras ainda prevê a assinatura do contrato com a empresa vencedora entre dezembro de 2025 e janeiro de 2026, com retomada efetiva das obras a partir de março do mesmo ano. “Licitação a gente sabe como começa, mas não como termina. O importante é que o governo federal reconhece a importância estratégica da UFN3”, reforçou a ministra, que é natural de Três Lagoas.

Durante o mesmo evento, o governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB), também destacou a relevância da UFN3 para a economia regional e nacional. “Estamos falando de uma planta que pode suprir até 15% da demanda brasileira por fertilizantes nitrogenados. Isso atrai investimento em logística, cria empregos e fortalece o agronegócio do país”, disse.

A história da UFN3 já é considerada uma das mais emblemáticas entre os projetos industriais paralisados no Brasil. Anunciada como a maior fábrica de fertilizantes nitrogenados da América Latina, a obra foi interrompida em 2014, quando estava 81% concluída.

Desde então, múltiplas tentativas de retomada foram frustradas. Em 2022, a empresa russa Acron chegou a demonstrar interesse em assumir a planta, mas o projeto foi barrado devido à proposta da empresa de transformar a unidade em uma fábrica de mistura de fertilizantes, modelo que não agradou o governo estadual nem a Prefeitura de Três Lagoas, que defendem a manutenção da planta industrial como originalmente concebida.

Em abril de 2024, o então presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, visitou as instalações e estimou que seriam necessários R$ 5 bilhões em investimentos para concluir a fábrica. A expectativa era iniciar a operação da UFN3 até 2028.

O projeto original da UFN3 prevê a produção diária de 3.600 toneladas de ureia e 2.200 toneladas de amônia, a partir do uso de 2,3 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia. Esses números colocam a unidade como a maior fábrica de fertilizantes nitrogenados da América Latina, com potencial para reduzir significativamente a dependência do Brasil na importação desses insumos.

Com o agronegócio brasileiro cada vez mais pressionado por custos de produção, a conclusão da UFN3 é vista como uma prioridade estratégica para o país, tanto para garantir autonomia no abastecimento de fertilizantes quanto para impulsionar o desenvolvimento industrial do Centro-Oeste.

Apesar dos contratempos, o projeto segue no radar do governo federal e permanece como um dos maiores investimentos industriais do país para os próximos anos. A esperança agora é que o novo prazo de agosto traga propostas viáveis e, enfim, concretize um sonho de mais de uma década para Três Lagoas e para o Brasil.

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