10/05/2014 – Atualizado em 10/05/2014
Sondagem da FGV indica redução nos gastos com compras; nas famílias de baixa renda, queda deve ser ainda maior
Por: Estadão
Com o orçamento apertado e um cenário econômico desfavorável, mais famílias pretendem reduzir gastos com presentes para o Dia das Mães em relação ao ano passado. Os consumidores de baixo poder aquisitivo são os mais afetados. É o que mostra um quesito especial da Sondagem do Consumidor de abril, da Fundação Getulio Vargas (FGV), obtido com exclusividade pelo Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado.
O indicador que mede a intenção de compras para o Dia das Mães caiu 4,5% em 2014, para 84,5 pontos, o menor nível desde 2009 (76,7 pontos). A pesquisa é realizada nos meses de abril desde 2007, à exceção de 2011, quando a pergunta especial não foi incluída na sondagem.
“O consumidor vem se tornando mais cauteloso, principalmente em itens que dependam da realização da compra a prazo, como a maioria dos bens duráveis”, avalia a economista Viviane Seda, coordenadora da pesquisa. Ela cita a alta dos juros, da inflação e do endividamento das famílias como influências importantes para o freio do consumo das famílias.
Neste ano, 26,7% dos consumidores declararam que vão diminuir os gastos com compras de Dia das Mães. Esse porcentual era de 24,2% em 2013 e ainda menor em anos anteriores. Enquanto isso, 11,2% têm em mente presentes mais caros do que no ano anterior, porcentual que era de 12,6% em 2013. A sondagem do consumidor é realizada em cerca de 2 mil domicílios, em sete capitais brasileiras.
Há dois anos, “quando as coisas estavam melhores”, a engenheira eletricista Caroline Vieira deu uma televisão de presente para a mãe. Desta vez, comprou uma sapatilha e um vestido, e a conta de R$ 180 ainda será dividida com a irmã. “Estou procurando economizar”, afirmou ela, que pretende se casar em 2015.
Depois de ter presenteado a mãe com um smartphone no ano passado, a assistente jurídica Mirelly Santos também pretende gastar menos. “Vou comprar um cartão e depositar um dinheiro na conta dela. Comecei a trabalhar agora e cheguei ao Rio há um mês e meio. Ainda estou me organizando”, contou a recifense.
Mesmo entre quem vai gastar mais, pode não ser por opção. “As coisas estão mais caras”, observou a estudante Thaís Braga, que ainda não comprou o presente, mas já prevê ter de desembolsar mais neste ano.
A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) não fechou previsão para as vendas, mas conta com resultado pior que em 2013, segundo o economista Bruno Fernandes. Apesar de ainda haver crescimento nas vendas, a situação é menos favorável para o varejo.
Baixa renda. Afetadas principalmente pela inflação de alimentos, famílias com renda mensal até R$ 2,1 mil são as menos otimistas. A intenção de compra dos que têm baixo poder aquisitivo poder aquisitivo despencou: a queda foi de 21%. Além disso, o preço médio a ser gasto por estes consumidores deve ficar 8% abaixo de 2013.
“Essas famílias têm orçamento reduzido, então a margem para consumir já é menor”, destaca Viviane, acrescentando que a inflação afetou mais esses consumidores. Na média das famílias brasileiras, o preço dos presentes deve ser 0,8% menor do que no ano passado.