Diretora-geral de Saúde, Jamila de Lima, e coordenadoras do CEM e do CEO detalham como o absenteísmo prejudica tratamentos, atrasa filas e compromete a produtividade das equipes.
A diretora-geral de Saúde da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Três Lagoas, Jamila de Lima, participou na manhã desta terça-feira, 18, do Café da Manhã da Caçula FM 96.9, acompanhada por Daiane Trevisan, coordenadora do CEM (Centro de Especialidades Médicas), e Michela Sostena, coordenadora do CEO (Centro de Especialidades Odontológicas). O assunto central foi um dos maiores desafios atuais da Saúde municipal: o absenteísmo, ou seja, as faltas injustificadas da população às consultas e procedimentos.
Segundo Jamila, os números são alarmantes. De janeiro a agosto, 45 mil faltas foram registradas nas clínicas especializadas, incluindo consultas médicas, exames, procedimentos odontológicos, atendimentos de ortopedia, fisioterapia, psiquiatria, psicologia e outros serviços. “É um número que assusta e que nos obriga a repensar nossos processos. Quando o paciente falta e não avisa, ele ocupa a vaga duas vezes, não é atendido e ainda permanece na fila”, explicou.
A gestora destacou que grande parte dos pacientes confirma a consulta por telefone ou WhatsApp, mas não comparece no dia marcado, impossibilitando que outro usuário seja chamado a tempo. Segundo ela, manter o telefone atualizado na unidade de saúde é essencial para que os avisos sejam feitos.
A coordenadora do CEM, Daiane Trevisan, reforçou que o absenteísmo atinge inclusive a telemedicina, implantada para agilizar atendimentos de neurologia, endocrinopediatria, psiquiatria e psicologia. “O índice geral de faltas na telemedicina chega a 40%. De cada 100 consultas agendadas, 40 pacientes simplesmente não aparecem. Isso atrasa quem realmente precisa e mantém as filas sempre cheias”, afirmou.
Mesmo sendo uma modalidade mais acessível, com atendimento online em cabines equipadas nas unidades de saúde, muitos pacientes deixam de comparecer sem justificativa.
No CEO, o problema também é grave. Atualmente, o centro oferece seis especialidades, incluindo endodontia, prótese, cirurgia e periodontia. De acordo com Michela Sostena, cerca de 40% dos agendamentos odontológicos não são cumpridos. “Quando o paciente falta durante um tratamento, o procedimento anterior pode ser perdido, obrigando o profissional a repetir etapas. Isso reduz muito a produtividade e atrasa outros tratamentos”, explicou.
Ela reforça que, quando o paciente avisa com antecedência, a equipe consegue chamar outra pessoa da fila e evitar prejuízos.
Jamila de Lima informou que a gestão municipal estuda novas estratégias para reduzir o absenteísmo, entre elas um sistema automatizado de confirmação de consultas, utilizando inteligência artificial para enviar lembretes, confirmar presença e reorganizar vagas.
As três gestoras reforçaram durante a entrevista que o problema não é a falta justificada, mas sim o silêncio do paciente que confirma e não aparece. “Quando o usuário avisa, conseguimos reorganizar a fila. O grande problema é quem não comunica. Isso atrapalha toda a rede”, destacou Jamila.
A Secretaria de Saúde pede que os moradores mantenham seus contatos atualizados e informem qualquer impossibilidade de comparecimento, contribuindo para que mais pessoas sejam atendidas e que as filas diminuam.


