Medida afeta quase 36% das exportações para os EUA e é vista como retaliação política; Brasil prepara plano para conter impactos
As novas tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos a parte das exportações brasileiras entraram em vigor nesta quarta-feira (6). A medida, anunciada pelo presidente Donald Trump na semana passada, atinge 35,9% dos produtos enviados ao mercado americano, o equivalente a cerca de 4% do total exportado pelo Brasil. Aproximadamente 700 itens foram poupados da sobretaxa.
Produtos como café, frutas e carnes agora enfrentam o novo imposto. Por outro lado, ficaram isentos suco de laranja, combustíveis, minérios, fertilizantes, celulose, metais preciosos, aeronaves civis e derivados.
A iniciativa faz parte da política protecionista adotada pela Casa Branca, que visa conter a perda de competitividade dos Estados Unidos frente à China. Embora inicialmente o Brasil tenha recebido uma tarifa mais branda, de 10%, por conta do superávit americano na balança comercial, Trump elevou a taxa para 50% em julho. Segundo o governo norte-americano, a decisão se deu em resposta a medidas brasileiras consideradas prejudiciais às big techs dos Estados Unidos e à crise política envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Analistas interpretam a medida como uma tentativa de pressionar o Brasil e desestabilizar o Brics, bloco de economias emergentes que discute alternativas ao uso do dólar no comércio internacional, movimento visto com preocupação por Washington.
Em pronunciamento no domingo (3), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o Brasil não aceitará ser tratado como uma “republiqueta” e reiterou o compromisso com o uso de moedas alternativas ao dólar. O governo brasileiro prepara um plano de contingência com linhas de crédito e parcerias estatais para mitigar os impactos sobre os setores afetados.
Apesar das tensões, há sinais de diálogo. O Departamento do Tesouro dos Estados Unidos já iniciou contatos com o Ministério da Fazenda, e Trump demonstrou disposição para conversar diretamente com Lula. O ministro Fernando Haddad indicou que as terras raras e minerais críticos, essenciais para a indústria tecnológica, podem ser incluídos em futuras negociações.
Haddad também destacou a possibilidade de retirar o café da lista de produtos tarifados. No mesmo dia do anúncio das tarifas, a China autorizou 183 empresas brasileiras a exportarem café para o país, abrindo novo mercado para o produto.
Com informações Agência Brasil