Economia – 28/02/2012 – 17:02
A Eldorado Brasil, produtora de celulose que está construindo fábrica em Três Lagoas (MS), quer triplicar de tamanho até 2020, tornando-se co-líder no mercado global.
Em novembro deste ano, a fábrica que terá capacidade inicial de 1,5 milhão de toneladas de celulose começará sua produção após um investimento de 6,2 bilhões de reais. Deste total, 69 por cento virá de fontes externas de financiamento, enquanto o restante virá dos acionistas da companhia.
Em 2013, a Eldorado produzirá 1,3 milhão de toneladas, por conta da curva de aprendizagem da unidade.
Segundo o presidente da empresa, José Carlos Grubisich, 60 por cento dos investimentos na unidade já foram concluídos e 68 por cento da estrutura física da unidade está pronta, mas a companhia ainda tem planos de iniciar uma nova linha com a mesma capacidade em 2017 e uma terceira em 2020, ou no máximo em 2021.
“Será uma empresa com 5 milhões de toneladas em 2020, o que levaria a Eldorado a ser co-líder global no mercado de celulose de fibra curta”, afirmou o executivo a jornalistas nesta terça-feira.
As 500 mil toneladas adicionais em 2020 para que a Eldorado atinja 5 milhões de capacidade, disse Grubisich, virão por meio de medidas de “desgargalamento”.
O mercado global de celulose passa por um momento de incertezas quanto a novos projetos, por conta de temores em relação à demanda.
Por isso, disse Grubisich, a decisão de concretizar uma segunda linha de produção para 2017 deve ser tomada apenas em 2013, ano em que deve ser iniciado o eventual plantio do eucalipto necessário.
“A segunda linha não está decidida de maneira formal… Hoje temos confiança. Há um mercado grande e alguém tem que fazer esses projetos”, disse o executivo, lembrando que estudos apontam a necessidade de uma nova fábrica de celulose de 1,5 milhão de toneladas no mundo a cada um ano e meio.
“Uma parte da indústria no Brasil vai usar sua geração de caixa para redução do endividamento… A Eldorado pode ter uma grande oportunidade”, disse o presidente, referindo-se à baixa alavancagem que a empresa terá quando iniciar suas operações.
“A empresa está nascendo com um balanço limpo e adequado… (a Eldorado) poderá ter uma rentabilidade alta.”
As duas principais concorrentes da Eldorado no Brasil, Fibria e Suzano, enfrentam desafios no front financeiro, com elevada relação entre dívida líquida e Ebitda -sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização.
SEM IPO NO CURTO PRAZO
Grubisich, ex-presidente da Braskem e da ETH, afirmou que a Eldorado pedirá “em dias ou semanas” registro de companhia aberta na Comissão de Valores Mobiliários, mas que a empresa não cogita uma oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) no curto prazo.
“Teremos geração de caixa forte e em algum momento teremos que aumentar o capital usando a bolsa como fonte de financiamento, mas agora não”, enfatizou o executivo, afirmando ainda que não existem projetos de venda de participações da companhia.
Atualmente, a J&F, que também controla o frigorífico JBS, possui participação direta de 50,15 por cento no capital da Eldorado, enquanto a FIP Florestal, que tem entre seus integrantes os fundos de pensão Funcef e Petros têm, juntas, 33,13 por cento. A MJ Empreendimentos, do empresário Mário Celso Lopes, tem 16,72 por cento.
LOGÍSTICA
O transporte de celulose da Eldorado até o Porto de Santos (SP), onde haverá um terminal próprio da companhia e de onde o insumo será exportado, será feito por meio dos modais ferroviário, rodoviário e hidroviário.
Na unidade da companhia em Três Lagoas, ao lado do local onde o Rio Tietê desemboca no Rio Paraná, haverá um porto para a saída de navios que levarão a celulose até Pederneiras (SP), onde o transporte será concluído por ferrovia.
“A hidrovia também levará eucalipto do Estado de São Paulo para ser industrializado e vamos fazer o escoamento até Pederneiras”, disse Grubisich.
Além disso, a celulose também será levada de caminhão até um terminal da ALL em Aparecida do Taboado (MS), de onde seguirá por ferrovia até Santos.
“E já temos contratos de frete para levar (a celulose) de Santos para os principais mercados”, disse o executivo, adicionando que a Eldorado terá representações na Ásia, Europa e Estados Unidos “em um futuro próximo”.
Fonte: Reuters
