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Egípcios marcam um ano da queda de Mubarak

Internacional – 12/02/2012 – 09:02

A revolta que derrubou Hosni Mubarak há um ano transformou a ordem política do Egito, na qual o ex-ditador está atualmente preso e os antes oprimidos islâmicos ocupam o Parlamento. No entanto, para a maior parte dos egípcios, os problemas continuam, principalmente devido à permanência da junta militar no poder do país e a demora para a transferência para um poder civil.

Milhares de egópcios marcharam até o Ministério da Defesa na sexta-feira para exigir que os generais entreguem o poder e prometeram para este sábado uma greve, convocada por ativistas para marcar o primeiro aniversário da queda de Mubarak.

A dominação intocável de três décadas de Mubarak desmoronou com o peso de 18 dias de protestos sem prescedentes nas ruas, formçando-o a renunciar em 11 de fevereiro. Pela primeira vez em décadas, egípcios sentiram que participavam do futuro do país. “O Egito nunca mais será o mesmo”, anunciou o presidente dos EUA, Barack Obama, no dia da queda de Mubarak.

Contudo, um ano depois, a alegria deu lugar à frustração e à raiva, enquanto os conflitos políticos continuam, bem como a corrupção e o aumento dos preços, pressionando as famílias. Embora não tenha se envolvido nos protestos de sexta-feira, a Irmandade Muçulmana pediu que um governo de coalizão substitua o militar e criticou a atitude do governo no caso de violência no estádio de futebol de Port Said, onde ao menos 74 foram mortos.

“O povo quer a derrubada do marechal”, cantaram os ativistas durante a marcha no Cairo, referindo-se ao marechal-de-campo Mohamed Hussein Tantawi, que está à frente do conselho do Exército.

“Estamos aqui para dizer a Tantawi a ao conselho militar que entreguem o poder. Esta é uma marcha pacífica e permanecerá como tal”, disse a ativista Sara Kamel. “Desde que os generais subiram ao poder, eles não fizeram nada pelo Egito e eles querem dar continuidade ao legado de Mubarak.”

A professora de Ciências Políticas da Universidade Americana do Cairo Rabab al-Mahdi dise que “Mubarak pode ter saído, mas os dois pilares de seu regime, uma forte repressão do Estado e um sistema econômico injusto, ainda sobrevivem”. Porém, segundo ela, são esses mesmos fatores que levam a revolução à frente.

Mahdi considera que há um longo caminho a ser percorrido em busca dos objetivos da revolução, de liberdade e igualdade social, mas reconhece que “houve muitas mudanças”.

A revolta colocou um líder autocrático no tribunal, levado pelos protestos da Primavera Árabe. Mubarak, seu ministro do Interior e seis chefes da segurança estão sendo julgados por seu envolvimento na morte de cerca de 800 manifestantes durante a revolta.

Seus dois filhos, Gamal e Alaa – símbolos do poder e da riqueza – também estão presos com antigos ministros e oficiais sob acusação de corrupção. O primeiro depoimento, em agosto, mostrou um Mubarak de 83 anos levado de maca ao tribunal, provocando um alívio coletivo no povo que viu a queda do Faraó ser televisionada ao vivo.

Seus arqui-inimigos, a Irmandade Muçulmana – há muito banida e cujos membros sofreram uma perseguição generalizada e, em alguns casos, brutal nas mãos do ministro do Interior – formaram o Partido Liberdade e Justiça e agora controlam metade das cadeiras no Parlamento.

Os movimentos salafistas, cujos adeptos ficaram presos por anos, tornaram-se mais radicais e conquistaram espaço no poder, com o partido Al-Nur ficando em segundo nas primeiras eleições livres e democráticas no Egito.

Os integrantes podem ser diferentes, mas os debates no Parlamento refletem a mesma preocupação de anos atrás: o aumento do preço do gás butano, escassez de combustíveis, corrupção e a violência da polícia. “Muito foi mudado, mas muita coisa permanece igual,” disse o analista Seif Abdul Shahid em uma coluna no website estatal Ahram Online. “A real questão não é tomar o poder, mas tirá-lo. Quando as pessoas clamaram pelo fim do sistema, tornaram-se mais do que simples pessoas,” escreveu.

O novo Egito também foi tomado por instabilidade desde que a onipresente e odiada força policial de Mubarak desapareceu das ruas durante a revolução. Embates entre a polícia e os rebeldes, violência sectária, ataques a um encanamento que fornece gás para Israel e assaltos armados apenas enfureceram ainda mais os egípcios.

As autoridades religiosas do Egito pediram que os sindicatos e grupos de jovens descartem os planos para uma onda de greves destinada a forçar o Conselho Supremo das Forças Armadas a deixar o poder, dizendo que o povo precisa mostrar compromisso para com a nação e poupar a economia.

Jovens ativistas ignoraram os pedidos, cantando “desobediência civil é legítima, desobediência civil contra a pobreza e a fome” na sexta-feira, enquanto alguns saudavam os manifestantes a partir dos terraços e outros criticavam o grupo por atrapalhar o trânsito.

O Exército mobilizou soldados extras e tanques para proteger os prédios estatais e a propriedade pública em meio aos preparativos de greve. A proposta colocou em evidência as profundas divisões entre os liberais e os grupos de jovens de esquerda de um lado e o Exército, os políticos islâmicos e os líderes religiosos de outro.

Com EFE e Reuters

Fonte: iG

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