O Relatório de Oncologia Pediátrica do Instituto Desiderata alerta para a preocupante taxa de mortalidade por câncer entre crianças e adolescentes indígenas no Brasil, que atinge 76 por milhão, um número significativamente superior ao de outros grupos étnicos.
Embora as Regiões Norte e Nordeste apresentem menor incidência de novos casos, são as que registram os maiores índices de mortalidade, reflexo das dificuldades de acesso a tratamento e da falta de infraestrutura hospitalar – no Norte, por exemplo, há apenas três hospitais especializados.
A precariedade dos serviços de saúde, as barreiras geográficas e a vulnerabilidade socioeconômica dificultam o diagnóstico precoce e a continuidade do tratamento. Muitas famílias indígenas enfrentam longas distâncias para chegar a hospitais, e a falta de condições financeiras leva ao abandono do tratamento, não por desinteresse, mas por dificuldades estruturais.
Além disso, a oncologista Alayde Vieira destaca a necessidade de protocolos específicos para crianças indígenas, já que suas particularidades genéticas influenciam a metabolização dos medicamentos, exigindo um cuidado diferenciado.
O relatório está disponível online para consulta pública e de especialistas, reforçando a urgência de medidas para reduzir a desigualdade no acesso ao tratamento oncológico infantil no Brasil.