26/09/2016 – Atualizado em 26/09/2016
Flagrada entrando em comitê, servidora da Sedhast tentou se esconder
Por: Marcio Ribeiro com Midiamax
Segundo denúncia na Justiça Eleitoral, veículo oficial que deveria cuidar de atividades desenvolvidas para o programa Vale Renda, do governo estadual, estria sendo utilizado ilegalmente em campanha eleitoral, na cidade de Jardim, a 230 quilômetros de Campo Grande. O caso envolve Vânia Marques, que coordena o projeto social no município, e estaria beneficiando a coligação “Acredita Jardim”, de Guilherme Alves Monteiro, candidato tucano a prefeito da cidade. O Vale Renda existe para amparar famílias em situação de vulnerabilidade socieconômica.
Guilherme é filho do secretário estadual de Fazenda, Márcio Monteiro, que é presidente regional da legenda. Flagrada saindo do comitê dos tucanos, a servidora tentou se esconder, mas, ainda assim, foi fotografada e filmada. A denúncia foi levada à Justiça Eleitoral por meio de ação de investigação judicial eleitoral movida por Ernando Martins Barbosa, representante da coligação a “Força que Vem do Povo”, liderada pelo PT.
Consta na petição que no dia 31 de agosto passado, por volta das 10h da manhã, a coordenadora do Vale Renda, Vânia Marques, que ocupava Fiat Uno (placa HSH 4313) do projeto criado para favorecer as famílias carentes, estava no comitê político do candidato a vereador Jaime Echeverria, do PSDB. Era horário de expediente, segundo a ação.
“Quando percebeu que estava sendo filmada, a servidora pública se agachou atrás do veículo do então candidato a vereador, tentando se esconder, demonstrando atitude suspeita, conforme se observa no vídeo anexo”, diz trecho da ação. O citado vídeo foi entregue à Justiça Eleitoral.
“O vídeo acostado comprova o uso abusivo do poder político de bens (veículo do Programa Vale Renda) e de servidor público do Estado do Mato Grosso do Sul, uma vez que a servidora Vânia, em horário de expediente e utilizando o veículo do Programa Vale Renda, se deslocou para o comitê do candidato a vereador Jaime Echeverria, da Coligação ACREDITA JARDIM para fins de colaborar com a campanha”, cita a coligação denunciante.
Ainda de acordo com a ação, a servidora do Vale Renda teria ligação política com Guilherme Monteiro, filho do secretário da Fazenda, Márcio Monteiro.
“Insta salientar que a servidora Vania Marques sempre apoiou e acompanhou o Secretário de Fazenda do Estado, Márcio Monteiro, bem como seu filho, o candidato a prefeito Guilherme Monteiro, sendo por aquele indicada ao cargo em comissão por ela exercido no Governo do Estado”, diz outra parte da ação de investigação eleitoral.
Pela ação, a coligação do PT quer que a Justiça Eleitoral notifique a servidora do Vale Renda, o candidato a vereador Jaime Echeverria, o candidato a prefeito Guilherme Monteiro e seu vice Geraldo Alencar.
Um dos advogados da coligação denunciante, Juliano da Cunha Miranda, disse que a Justiça Eleitoral já convocou a servidora.
Nas imagens captadas, parte delas publicadas logo abaixo, Vânia entra no prédio do comitê tucano e, na saída nota que é filmada. Ela tenta se esconder atrás de um veículo usado na campanha do PSDB. O carro do Vale Renda, um Fiat Uno, estava estacionado perto dali.
INVESTIGAÇÃO
O advogado da chapa denunciante disse que justiça já notificou os citados na denúncia, que terão cinco dias para se defenderem.
Cunha Miranda, que cuida da causa junto com a advogada Virginia Albuquerque de Vargas Colucci, informou ainda que na petição pede à Justiça constate que o local onde a servidora do Vale Renda tentou se esconder fica mesmo na Rua Espírito Santo, 245, Vila Angélica, onde, segundo ele, o imóvel abriga o comitê do candidato a vereador Jaime Echeverria.
A ação requer também que, se reconhecida o abuso de poder econômico pelos investigados, que seja cassada o “registro e eventualmente do diploma e mandato” dos envolvidos.
A coligação “Força que Vem do Povo” pede ainda que o governo do Estado de MS instaure um procedimento administrativo para apurar a conduta da chefe do Vale Renda, em Jardim, Vânia Marques.
MANIFESTAÇÃO
A reportagem tentou conversar com a servidora Vânia Marques, mas ela não foi localizada. Já a Sedhast (Secretaria de Estado de Direitos Humanos, Assistência Social e Trabalho), por meio da assessoria de imprensa, disse que “reitera que qualquer denuncia de servidores públicos lotados nesta pasta estará sujeita as devidas apurações e possíveis punições, quando observados seus desvios de finalidade e atuações indevidas”.
A assessoria da Sedhast sustentou ainda em comunicado que “é terminantemente proibido, a qualquer servidor público, utilizar de seu horário de expediente para qualquer outro fim, resguardados os previstos em lei”.
Candidato a vereador pelo PSDB em Jardim, Jaime Echeverria, responsável pelo comitê onde foi feito o flagrante foi procurado pela reportagem por email informado por ele à Justiça Eleitoral, mas não retornou até o fechamento da matéria. (Colaborou Ludyney Moura)