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segunda-feira, 21 de julho, 2025

Críticas à carne do Brasil ganham força nos EUA e afetam exportações de MS

Associação americana acusa Brasil de riscos sanitários e apoia tarifa de 50%. Mato Grosso do Sul suspende envios aos EUA e projeta prejuízo superior a R$ 1,3 bilhão

A Associação Nacional dos Pecuaristas dos Estados Unidos (NCBA) afirmou nesta segunda-feira (21) que sempre defendeu a suspensão total das importações de carne bovina brasileira. Em entrevista a um portal de notícias, representantes da entidade acusaram o Brasil de não ter “responsabilidade” com a saúde animal.

A NCBA também declarou apoio à tarifa de 50% sobre a carne brasileira, imposta recentemente pelo presidente Donald Trump, e disse que a medida é um passo para permitir auditorias sobre a qualidade da carne produzida no país.

“Doença da vaca louca” é usada como justificativa

Na nota, a associação americana citou a ocorrência de casos de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), conhecida como doença da vaca louca, registrados no Brasil. Segundo os pecuaristas dos EUA, os episódios colocam em dúvida a segurança do produto brasileiro.

O Ministério da Agricultura do Brasil rebateu as críticas e esclareceu que os casos registrados no país não são da forma clássica da doença, aquela que ocorre pela ingestão de alimentos contaminados, como farinha de carne e osso. Segundo o governo, esse tipo de contaminação foi comum em países europeus, e não há registros recentes no Brasil dessa variante.

O último caso confirmado no país foi em 2023, e não representou risco sanitário, segundo autoridades brasileiras.

Mato Grosso do Sul suspende exportações aos EUA

Com a decisão do governo americano de taxar a carne brasileira em 50%, os frigoríficos de Mato Grosso do Sul habilitados para exportação decidiram suspender os embarques para os Estados Unidos. A medida foi tomada no dia 15 de julho, uma vez que os lotes enviados chegariam ao destino após 1º de agosto, quando a tarifa entra em vigor.

Em 2024, o estado exportou 282,2 mil toneladas de carne bovina, sendo 49,6 mil toneladas (17,6%) destinadas aos Estados Unidos. Em valores, foram R$ 1,3 bilhão (US$ 235 milhões) em negócios com o mercado norte-americano, segundo dados do sistema Agrostat.

Prejuízo pode ultrapassar R$ 1,3 bilhão

A suspensão dos envios preocupa o setor agropecuário de Mato Grosso do Sul. Segundo a Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de MS), o prejuízo anual pode ultrapassar R$ 1,3 bilhão, caso as exportações para os EUA sejam interrompidas definitivamente.

“A suspensão dos embarques de carne bovina de Mato Grosso do Sul para os Estados Unidos é motivo de grande preocupação. Em 2024, os EUA foram o segundo maior destino das exportações do estado”, afirmou o presidente da entidade, Marcelo Bertoni.

Frigoríficos não devem demitir, diz sindicato

Apesar do impacto financeiro, o Sincadems (Sindicato das Indústrias de Frios, Carnes e Derivados de MS) acredita que não haverá demissões em massa no setor. O vice-presidente da entidade, Alberto Sérgio Capucci, afirma que os frigoríficos continuam com abates normais e que o setor já enfrenta escassez de mão de obra.

“O risco de demissões está descartado. O setor já vem com déficit de profissionais”, destacou.

Governo busca novos mercados

O Governo de Mato Grosso do Sul informou que deve buscar novos destinos para a carne bovina produzida no estado, embora reconheça que pode haver dificuldades logísticas e demora para escoar a produção. Uma das alternativas seria reforçar o consumo no mercado interno, o que pode ajudar a equilibrar preços e evitar perdas maiores.

Exportações além da carne

Além da carne bovina, Mato Grosso do Sul exporta outros produtos importantes aos Estados Unidos, como:

  • Celulose: US$ 213,4 milhões (R$ 1,1 trilhão)
  • Sebo bovino: US$ 46,1 milhões (R$ 257 milhões)
  • Açúcar de cana ou beterraba: US$ 19,9 milhões (R$ 111 milhões)

Segundo a Famasul, o impacto da nova política americana pode se estender a outros setores do agronegócio e aumentar o custo de insumos importados, afetando a competitividade do Brasil no mercado global.

“A medida impacta amplamente a economia do estado. O setor produtivo espera uma reação diplomática estratégica por parte do governo brasileiro para tentar reverter essa situação”, afirmou Bertoni.

Com informações Midiamax

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