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Coleguinhas de escola do meu filho têm pais gays. E agora?

Entretenimento – 13/04/2013 – 16:04

Um belo dia, a criança chega da escola com a novidade: um coleguinha de classe tem dois pais ou duas mães, é criado em um lar gay. A partir desta informação, é natural que ela faça algumas perguntas sobre as diferenças entre as famílias e muitas mães podem se sentir despreparadas para falar sobre o assunto. Principalmente se nunca conviveram com casais homossexuais. O que fazer?

“A angústia, geralmente, é dos adultos. Para as crianças não é tão complicado assim, só têm curiosidade por ser uma família diferente. O ideal é responder apenas as perguntas que o filho fizer, sem entrar em questões sobre sexualidade”, aconselha Alexandre Bortolini, coordenador adjunto do projeto Diversidade Sexual na Escola, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). E completa: “Basta falar a realidade: ‘Você tem um pai e uma mãe, fulano tem dois pais, sicrano, duas mães, beltrano é criado pela avó’. São muitas as configurações familiares”

Nas escolas, o trabalho tem sido cada vez mais direcionado para falar sobre as famílias em que os próprios alunos vivem, sem se engessar no modelo pré-estabelecido de “pai e mãe heterossexuais, vivendo na mesma casa”. Gabriela Argolo, coordenadora pedagógica do Fundamental 1 da Escola Cidade Jardim Play Pen (SP), explica que lá os alunos são estimulados a apresentar as pessoas com quem convivem fora das aulas, independentemente de gênero ou parentesco. “As crianças têm a visão de que família é quem cuida. Identificamos as diferenças e semelhanças e as celebramos”, diz.

Devido a essa metodologia contemporânea, a atriz e produtora cultural Vera D’Araio só soubedurante uma festa do Centro Educacional Pomar (Ribeirão Pires, SP), que o filho Pedro, 7 anos, tinha uma coleguinha com mães lésbicas. “Isso é tratado de uma maneira tão natural que ele nunca comentou absolutamente nada. Além disso, para ele, é tranquilo a garota ter duas mães, uma vez que ele tem dois ‘pais’ – o biológico e o padrasto”, afirma, confirmando o que ressaltou Bortolini: são muitos os formatos de famíliahoje em dia.

Arquivo pessoal

Vera D’Araio com o filho Pedro: diversidade familiar é tratada de maneira natural

A colega de Pedro é Malu, 7 anos, filha da assistente de produção Giovana Amaral, casada desde 2011 com a diretora Lia Braga. Giovana conta que a entrada de Lia na família deu à garota “mais uma pessoa paracuidar, educar, brincar e amar”, e que a maioria dos amiguinhos acha a família “superdescolada” – termo recentemente empregado pela pequena. “A criança, ao contrário de nós, não tem conhecimento prévio sobre o que a sociedade julga certo ou errado”, lembra.

Vera acha o convívio do filho com Malu uma experiência enriquecedora. “Ele está aprendendo desde pequeno que somos todos diferentes, e isso é maravilhoso. Quanto mais cedo se tem conhecimento de que há diversidade, maiores as chances de criarmos cidadãos livres de preconceitos”, defende.

Mas nem todas as mães pensam assim. No começo de 2012, quando a bibliotecária paulistana Leila Oliveira soube que uma garota adotada por um casal de homens estudaria na mesma escola que o filho Enzo, hoje com 8 anos,preferiu trocá-lo de colégio. “Embora entenda que os gays estão cada vez mais fora do armário, não concordo com esse estilo de vida, criança tem que ter pai e mãe, homem e mulher. Sei que em alguns anos ele estará exposto, poderá até ter amigos gays. Mas enquanto conseguir blindá-lo, farei isso”, justifica.

Na opinião de Bortolini, a criança sai perdendo com esse tipo de atitude dos pais – seja uma troca de classe, seja de escola. “Além de perder o vínculo com os amiguinhos, ela deixa de ter a oportunidade de conviver com uma realidade rica, de diferenças, que deixaria seu repertório muito mais interessante”, esclarece. “Claro que a mãe pode e deve explicar para o filho qual modelo considera ideal, mas todos têm seu valor.”

“Os alunos de hoje são filhos de uma geração ‘tradicional’, que ainda vê ‘certo’ e ‘errado’ nesse ponto”, pondera Gabriela. Para ela, o melhor caminho para quebrar tabus é mostrar que as famílias, independentemente de seus arranjos, são mais parecidas do que diferentes. “Já recomendamos a um aluno filho de pais gays que ele convidasse amiguinhos para frequentarem sua casa e para verem que tudo lá era igual, a não ser o fato de que ele tinha dois pais. Indicamos uma família que sabíamos que era mais aberta com a questão para começar”, recorda. “Não é uma questão fácil, mas é possível lidar. A escola pode ajudar,desde que acredite de verdade que todas as relações amorosas são válidas.”

Fonte: IG

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