Conscientização é um trabalho contínuo, profissionais reforçam a importância da rede de apoio e detalham o papel do serviço público na luta por mais vidas
Em uma conversa no programa “Café da Manhã” da Rádio Caçula FM 96.9, nesta quinta-feira (4 as especialistas Morielle Córdoba, psicóloga, e Renata de Matos, coordenadora do Centro de Atenção Psicossocial – Álcool e Drogas (CAPS AD), aprofundaram a discussão sobre a saúde mental. Elas ressaltaram que, embora o Setembro Amarelo seja um mês de grande visibilidade, a prevenção é um trabalho diário e essencial para toda a sociedade.
As profissionais explicaram que o trabalho do CAPS em Três Lagoas se estende para além das unidades. A equipe atua como “embaixadora”, levando informação e desmistificando o serviço em diversos setores da sociedade. “Nós fazemos palestras ou reuniões de orientação, justamente para ensinar essa pessoa a lidar”, afirmou Renata de Matos, referindo-se aos familiares.
O serviço também atua em parceria com outras unidades de saúde e empresas, realizando atividades educativas para a comunidade. “O suicídio é um problema de saúde pública a nível mundial e quanto mais informação, mais as pessoas podem auxiliar nesse processo de escolha, de escuta, de acolhimento de outras pessoas”, pontuou a coordenadora.
Uma questão abordada na entrevista foi o receio de que uma pessoa que já tentou tirar a própria vida venha a fazê-lo novamente. Renata de Matos explicou que, embora tentativas prévias possam aumentar a probabilidade, o risco não é uma certeza. É fundamental que a pessoa em sofrimento seja acolhida e tenha acesso a suporte profissional.

“Uma pessoa que tem um comportamento suicida, não é uma questão automática, a gente não pode dizer que ela vai tentar novamente assim que tiver a oportunidade”, esclareceu a coordenadora. Ela ressaltou que o CAPS oferece um trabalho multiprofissional, que é uma grande vantagem em relação ao atendimento particular, pois o paciente é acompanhado por uma equipe completa.
Morielle Córdoba também fez questão de diferenciar a autolesão (ou “violência auto-provocada”) do comportamento suicida. “Não necessariamente uma pessoa que apresenta um comportamento auto-lesivo, automaticamente ela se torna uma pessoa com comportamento suicida”, explicou a psicóloga. Segundo ela, a autolesão é um sinal de sofrimento que merece atenção, mas não é o mesmo que uma tentativa de tirar a própria vida.
A VIDA EM PRIMEIRO LUGAR
A entrevista foi concluída com uma mensagem de esperança. Morielle e Renata reforçaram que o trabalho de conscientização não se limita a um mês, mas é um esforço contínuo para promover a saúde mental e prevenir o suicídio.
“A gente tem essa maior visibilidade, por conta de ser um mês específico para se trabalhar essa conscientização, mas é importantíssimo a gente falar sobre isso e realmente buscar ajuda em situações que a gente vê que a pessoa está em sofrimento”, finalizou Renata de Matos. A equipe do CAPS AD de Três Lagoas deixou claro que a vida importa e que o Setembro Amarelo, acima de tudo, é sobre a vida.
CANAIS DE AJUDA
Se você ou alguém que você conhece está passando por um momento difícil, procure ajuda. O CAPS e o CVV estão prontos para acolher de forma sigilosa.
- CAPS AD de Três Lagoas
- Endereço: Rua Itaciu Pereira Martins, 1520 – Santos Dumont/Parque São Carlos
- Telefone: (67) 99182-0850 (ligações) | (67) 99252-1932 (WhatsApp)
- CAPS II de Três Lagoas
- Endereço: Rua Coronel João Filgueiras, 2511 – Bairro Nova Três Lagoas
- Telefone: (67) 99182-0409 (ligações e WhatsApp)
- Centro de Valorização da Vida (CVV)
- Telefone: Ligue para 188. O serviço é gratuito e funciona 24 horas por dia.