A voz que cresceu com Três Lagoas
Há histórias que nascem junto com as cidades. Que não apenas contam o tempo, mas o moldam, o atravessam e o fazem ecoar.
A história da Rádio Caçula é assim — uma voz que aprendeu a crescer no compasso de Três Lagoas, testemunha e protagonista de um lugar que se reinventou muitas vezes sem nunca perder o sotaque da sua gente.
AS ORIGENS
Três Lagoas era ainda uma promessa no mapa, com suas ruas tranquilas e o vai e vem das conversas no comércio.
Foi então que Romeu de Campos (pai) – in memorian, radio telegrafista dos Correios e homem de visão inquieta – decidiu construir algo que daria voz à cidade.
No dia 14 de novembro de 1955, nascia a “Voz da Caçula” — pequena em estrutura, imensa em propósito.
O transmissor, feito por suas próprias mãos, cruzou o ar com as primeiras palavras de uma história que nunca mais silenciou.
A “Voz” logo virou Rádio Caçula AM, e o som que ecoava das janelas de madeira passou a costurar a cidade em ondas invisíveis.
O CRESCIMENTO
Vieram as ruas asfaltadas, as praças cheias, os comércios se multiplicando.
Três Lagoas se tornava cidade grande aos poucos, e a Caçula era a trilha sonora dessa transformação.
Os programas de auditório lotavam o estúdio, os ouvintes viravam amigos e o rádio, mais do que um aparelho, era companhia — era identidade.
Ali se cantava, se noticiava, se sonhava.
O PROGRESSO
A década de 80 trouxe novas ambições.
O Distrito Industrial se erguia como promessa de um futuro mais robusto, e Três Lagoas via nascer o embrião de seu papel como polo de desenvolvimento.
A Rádio Caçula acompanhava esse ritmo, multiplicando vozes e histórias.
Era o espaço do debate, da notícia urgente, da música que embalava a cidade que já não parava.
A TRANSIÇÃO
Com a partida de Romeu de Campos (pai) em 1992, a Rádio Caçula atravessou seu primeiro grande silêncio.
Mas o legado não se apagou.
A voz encontrou novo fôlego nas mãos da esposa Olinta de Campos e dos filhos Arlete, Roberto Carlos e Romeu de Campos Júnior (filho) – in memorian.
Em 1993, Romeu (filho) e Toninha Campos assumiram a direção e abriram um novo capítulo: o da modernização.
O rádio saiu às ruas com a unidade móvel, viveu o imediatismo das reportagens, levou o calor do povo para dentro do estúdio.
Era uma nova cidade, e a Caçula acompanhava seus passos — fiel, inquieta, viva.
A TRANSFORMAÇÃO
O novo milênio trouxe um vento industrial que mudou o destino da cidade.
Com a chegada das gigantes da celulose e papel — International Paper, Fibria (atual Suzano) e Eldorado Brasil — Três Lagoas deixou de ser promessa e virou potência.
Os caminhões carregados de madeira cruzavam avenidas antes silenciosas.
A economia fervia, e o rádio — sempre ele — narrava cada conquista, cada novo começo.
Foi também o tempo do digital: o site www.radiocacula.com.br surgiu como extensão natural da voz que há décadas contava a história da cidade.
O microfone ganhou tela, mas a alma continuava a mesma.
A MODERNIZAÇÃO
A migração do AM para o FM em 2016 marcou o início de uma nova fase: mais nítida, mais moderna, mas com o mesmo coração.
Enquanto Três Lagoas se consolidava como polo educacional e industrial, a Caçula firmava sua presença como memória viva da cidade.
O som agora tinha cor, tinha textura.
O rádio falava com o passado sem virar as costas para o futuro.
A RENOVAÇÃO
Em 2025, Três Lagoas é uma cidade vibrante — símbolo de prosperidade e trabalho.
E a Rádio Caçula, sob direção de Toninha Campos, segue firme, agora com os filhos Fábio e Marco Campos dando continuidade ao legado da família.
A emissora chega aos 70 anos de história com nova plástica sonora, programação repaginada e presença constante nas redes sociais: Instagram, Facebook, TikTok, YouTube e WhatsApp.
O rádio que nasceu com válvulas e fio de cobre agora pulsa também em pixels e bytes — mas continua o mesmo porto seguro das vozes locais.
Da antiga “Voz da Caçula” ao presente digital, foram sete décadas de sintonia com a alma de uma cidade. Porque Três Lagoas cresceu, mudou, se reinventou — e a Caçula sempre esteve lá, acompanhando cada batida do seu coração.
