Economia – 08/05/2013 – 08:05
O embaixador brasileiro Roberto Carvalho de Azevêdo, de 55 anos, foi eleito nesta terça-feira (07) diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC). Ele disputou o cargo com o mexicano Herminio Blanco, de 62 anos. Para vencer a eleição, era preciso obter ao menos 80 votos do total de 159 na entidade. Ele vai chefiar a organização até 2017.
Divulgação/OMC
Azevêdo disputou presidência da OMC com mexicano
Nascido em Salvador, Azevêdo representa o Brasil na OMC desde 2008, após ter sido subsecretário-geral de Assuntos Econômicos e Tecnológicos do Ministério de Relações Exteriores (2006-2008), e ter chefiado o departamento econômico da pasta, representando o País na Rodada Doha.
Para Rubens Ricupero, ex-ministro da Fazenda e ex secretário-geral da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (Unctad), a eleição de Azevêdo não deve favorecer o Brasil nas negociações internacionais e disputas com outros países, devido à neutralidade exigida pelo cargo. “O primeiro dever do líder eleito é ser imparcial”.
Apesar disso, Ricupero acredita que o País ganhará visibilidade e prestígio com um diplomata brasileiro na OMC, ainda mais com a tradição brasileira de exercer um papel ativo na entidade. “Conheço Azevêdo pessoalmente e creio que ele é o mais preparado para o cargo, por já atuar na entidade há vários anos”, observa.
México e Brasil, países latino-americanos, têm defendido ideias opostas nas negociações sobre o livre comércio. Enquanto o Brasil mantém uma postura contrária a barreiras comerciais entre as nações e defende elevar tarifas a importações – o que rendeu queixas dos EUA e Japão contra o País –, o México é mais favorável à liberalização do comércio internacional.
Visão internacional
Jeffrey J. Schott, membro do Comitê Consultivo de Política Econômica Internacional do Departamento de Estado dos EUA, ressalta ao iG a postura discreta de Washington na eleição da OMC. Como foi negociador-chefe do NAFTA – sigla para o acordo de livre comércio que reúne Canadá, México e Estados Unidos – em tese, Blanco poderia ter mais simpatia norte-americana.
“Não há uma posição oficial dos EUA e não houve indicação sobre em qual dos dois iria votar”, diz o pesquisador. “Mas como são candidatos do nosso hemisfério, os EUA estarão contentes em trabalhar com qualquer um deles”.
Membro do Instituto Peterson para Ecomomia Internacional, Schott destaca a experiência maior de Azevêdo em Genebra, mas considera Blanco também uma ótima opção. “Os dois têm boas qualificações, diferentes experiências e trariam força para as negociações.”
Schott considera que a tendência da União Europeia em votar em Blanco foi importante, mas não decisiva. “Basicamente, o candidato que saiu na frente é o que tive o apoio de uma área mais ampla geograficamente. A União Europeia é uma das áreas de comércio mais importantes, mas não foi suficiente para definir a eleição.”
O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Fernando Pimentel, comemorou a escolha do embaixador Roberto Azevêdo como novo diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC).
Segundo ele, a eleição do brasileiro é “boa para o Brasil e melhor para a OMC”.
De acordo com o ministro, o governo brasileiro trabalhou para a escolha de Azevêdo por considerá-lo o melhor candidato, mas a eleição do brasileiro não deve facilitar as negociações comerciais do País.
OMC
Criada em 1995, a OMC surgiu a partir do Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT), implantado após a Segunda Guerra Mundial. Hoje com 157 membros, a entidade gerencia e supervisiona acordos internacionais de comércio entre países membros, além de solucionar os conflitos gerados por estes acordos.
Fonte: IG