Internacional – 18/02/2012 – 10:02
A embaixada brasileira na capital hondurenha confirmou ontem que o brasileiro Adílio Gomes Cabral, um dos detentos do presídio que pegou fogo na terça-feira (14) em Comayagua está vivo, mas permanece internado.
Nesta quinta-feira, o embaixador Zenik Krawctschuk afirmou que o prisioneiro foi condenado pelos crimes de tráfico de pessoas e abuso de menores.
Anteriormente, tanto a embaixada quando o Itamaraty haviam dito que o brasileiro estava entre os 355 mortos no incêndio. A informação foi, em seguida, corrigida.
Na madrugada de ontem, foi concluída a transferência dos corpos das vítimas para Tegucigalpa, onde médicos legistas trabalhavam na identificação.
Os corpos dos dois presos que morreram no hospital foram entregues aos familiares, confirmou à imprensa local o procurador-geral, Roy Urtecho.
A tragédia ocorreu por volta da meia-noite de terça-feira, por causas ainda não esclarecidas. Autoridades investigam se o fogo decorreu de um curto-circuito ou foi provocado por detentos que davam início a uma rebelião. O local abrigava 850 presos, o dobro de sua capacidade.
Investigação
Os familiares das vítimas pediram agilidade na identificação dos corpos para que possam fazer com rapidez os sepultamentos. As autoridades, no entanto, advertiram que as tarefas de identificação “levarão bastante tempo”.
A Organização das Nações Unidas (ONU) pediu ontem uma investigação independente sobre o incêndio na prisão hondurenha e denunciou o que chamou de onda de violência nas prisões da América Latina alimentada pelas condições precárias e pela superlotação.
Sobreviventes do incêndio em Comayagua acusaram os guardas de deixarem os detentos morrerem nas celas e de atirarem em outros que tentavam escapar das chamas.
A agência das Nações Unidas para os direitos humanos “apoia integralmente o estabelecimento de uma investigação independente completa sobre os casos de incêndio e sobre se as condições na prisão contribuíram para a enorme perda de vidas”, disse Rupert Colville, o porta-voz da alta comissária da ONU para os direitos humanos, Navi Pillay.
Colville observou que a prisão foi projetada para abrigar 250 presos, mas mantinha mais de 800 no momento do incêndio. Ele pediu que as autoridades hondurenhas divulguem informações às famílias das vítimas “sem mais nenhuma demora”.
Reincidência
Esse foi o terceiro caso de incêndio numa prisão em Honduras com um alto número de fatalidades numa década. Em 2004, 107 presos morreram em San Pedro Sula, afirmou ele.
Superlotação
850 presos estavam no complexo penitenciário hondurenho. De acordo com as Nações Unidas, a prisão foi projetada para abrigar 250 detentos
Fonte: diariodonordeste