19/02/2015 – Atualizado em 19/02/2015
De um lado a população sofre com a falta de medicamentos, de outro, servidores de desdobram para compensar as demissões num setor tão problemático como o da Saúde. O presidente do Conselho Municipal de Saúde alerta – as farmácias públicas poderão baixar as portas.
Por: Érika Moreira
As consequências das 400 demissões começam a aparecer e transformar setores já tão problemáticos, como do da Saúde Pública, num verdadeiro caos em Três Lagoas (MS). A equipe de reportagem da Rádio Caçula esteve na manhã desta quinta-feira (19), na farmácia do Centro de Especialidades Mèdicas (CEM) e se deparou o ambiente caótico acima citado. De três cidadãos que foram ao local buscar medicamentos controlados, dois deles voltaram de mãos vazias. Segundo informações de uma servidora que não quis se identificar o quadro de servidores da farmácia foi reduzido em 50%. Hoje há apenas uma servidora por turno. Conforme exposto
A falta de remédios atinge até os para doenças consideradas mais comuns entre a população. “Faz dois meses que venho até aqui para buscar os remédios de minha esposa para diabetes, hipertensão e colesterol. Mas toda vez volto de mãos abanando. A resposta é sempre a mesma – estamos em falta”, conta o aposentado Walmir Alves da Silva.
Outro morador, que preferiu não se identificar, afirma que também faz dois meses que os remédios para a neta, que faz tratamento contra obesidade, não chegam. “Todo mês comparecemos em busca da medicação, mas a resposta é a mesma. Não tem e não há previsão de chegada”, reclama o cidadão.
Segundo o aposentado Walmir os gastos públicos que deveriam ser destinados a melhoria da saúde estão sendo empregados em festas municipais. “ Ouço rádio todo dia e escuto a Prefeita afirmar que a saúde vai bem, mas isso é mentira. Ela gasta o dinheiro em festas e esquece daqueles que necessitam do Sistema Municipal de Saúde”, finaliza o desabafo.
CONSELHO MUNICIPAL DE SAÚDE
De acordo com o presidente do Conselho Municipal de Saúde, Edson Aparecido de Queiroz, medidas drásticas serão tomadas em busca de sanar os inúmeros problemas que o setor de saúde vem enfrentando em Três Lagoas e a perigo eminente de que todas as farmácias públicas sejam desativadas.
“O Conselho achava que era parceiro do Poder Público Municipal, mas ao invés disso estávamos sendo palhaços. Sem dúvidas, o Conselho irá entrar com denúncias no Ministério Público Federal para que este tome as devidas providências. Afinal é dinheiro do Governo Federal, destinado à Saúde, que está indo pro ralo. Se não corrermos e buscarmos a Justiça, todas as nossas farmácias da Rede Pública serão fechadas”.
Queiroz ainda denuncia que a secretária de saúde, Elaine Brilhante, o título de gestora da saúde pública não passa de uma folha de papel publicada. “A Brilhante recebeu o título, mas quem manda é a prefeita, Márcia Moura, ou seu manda-chuva, o Fernando Pereira, secretário municipal de finanças e controle. Até para trocar uma tomada tem que pedir pro Fernando”.
Ainda segundo o presidente do Conselho, a única causa do caos na saúde instalado em Três Lagoas é a má administração. “Não falta dinheiro. Falta competência em administrar o Sistema Público. Eu nunca vi falar em demitir pessoas de setores que já carecem de servidores. Quando o administrador não sabe governar, primeiro ela faz o que lhe vem na cabeça, depois se arrepende”.
Queiroz finaliza com a triste afirmação – A Saúde Pública de Três Lagoas só não está na UTI porque os 10 leitos existentes no Hospital Auxiliadora estão ocupados.