Geral – 05/04/2012 – 09:04
Restos do navio estão a quatro mil metros de profundidade nas proximidades do litoral de Terra Nova
Os restos do Titanic, o transatlântico que afundou no Atlântico Norte no dia 14 de abril de 1912 ao se chocar contra um iceberg, serão protegidos pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) afirmou nesta quinta-feira (5) esta organização da ONU com sede em Paris.
Após cem anos do naufrágio, os destroços estão agora protegidos pela Convenção da Unesco para a proteção do patrimônio cultural subaquático, comunicou a organização.
Os restos do Titanic estão a quatro mil metros de profundidade nas proximidades do litoral de Terra Nova e “ao ser encontrado em águas internacionais, nenhum Estado pode reivindicar a jurisdição exclusiva do local, já que os Estados só podem exercer sua jurisdição nos navios com pavilhão nacional nessas águas”.
Até agora – lembrou a organização em comunicado – o Titanic não podia ser beneficiado pela proteção da Convenção, adotada pela Unesco em 2001, já que esta só pode ser aplicada aos vestígios submersos há pelo menos um século.
A partir de agora, os Estados parte da Convenção poderão proibir a destruição, a pilhagem, a venda e a dispersão de objetos encontrados no Titanic, acrescentou.
- Poderão também tomar todas as medidas a seu alcance para proteger os destroços e fazer com que os restos humanos encontrados em seu interior recebam um tratamento digno, destacou a organização.
A Convenção de 2001 proporciona um marco de cooperação aos Estados para impedir explorações cujo caráter científico ou ético seja duvidoso. A partir dela, podem ser confiscados os objetos tirados ilegalmente da água e os portos podem ser fechados a qualquer navio que realize atividades de prospecção que não sigam os princípios da Convenção.
A Diretora Geral da Unesco, Irina Bokova, expressou sua satisfação pelo fato de que o Titanic esteja agora protegido pela Convenção e manifestou sua inquietação “frente à destruição e a pilhagem que vários destroços antigos sofrem, algo que as tecnologias, cada vez mais sofisticadas, tornam possível”.
“O naufrágio do Titanic está ancorado na memória da Humanidade; me alegro de que o local possa em ser beneficiado pela Convenção da Unesco”, declarou Bokova. Mas existem milhares de destroços e sítios arqueológicos cujo valor científico também é preciso proteger. Eles também contêm a memória de tragédias humanas e devem ser tratados com o devido respeito”, acrescentou.
“Temos que proteger os tesouros submersos da mesma forma que não toleramos a pilhagem do patrimônio cultural terrestre”, declarou a diretora geral, que pediu aos mergulhadores que “não depositem detritos nem placas comemorativas” nos destroços do Titanic.
A Convenção para a proteção do patrimônio subaquático, adotada em 2011 pela Conferência Geral da Unesco, tem como objetivo proteger os destroços, os sítios arqueológicos, as grutas ornamentais e outros vestígios culturais que estão sob as águas.Trata-se da resposta da comunidade internacional à crescente destruição do patrimônio subaquático nas mãos de caçadores de tesouros, destacou a Unesco.
A Unesco lembrou que, “pelo contrário, não tem como vocação solucionar a questão da propriedade dos vestígios nem questiona os direitos soberanos dos Estados”.
Até agora, 41 Estados ratificaram a Convenção, que entrou em vigor em 2 de janeiro de 2009.
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Fonte: R7 / Wikimedia Commons


