12/07/2016 – Atualizado em 12/07/2016
Por: Marcio Ribeiro com TJMS
Como ganhar na loteria. Estas são as chances de compatibilidade para quem necessita de uma doação. Mas, assim como existem os sortudos nos jogos de azar, há também quem consiga encontrar um doador compatível. O servidor Wilmar Nery da Silva, da Coordenadoria Estadual da Mulher em situação de Violência Doméstica e Familiar do TJMS, foi um deles. Ele conta como foi a experiência, desmistificando o tema em busca de que mais pessoas participem desta corrente do bem.
O procedimento cirúrgico foi realizado na cidade de Curitiba, por ser um centro de excelência no assunto. Tanto ele como sua esposa, que o acompanhou nos procedimentos hospitalares, tiveram todos os procedimentos, a viagem e a estadia realizadas sem nenhum custo. O primeiro contato, conta ele, foi há seis meses.
A primeira surpresa boa, conta Wilmar, foi a excelência e organização de todo o processo que é realizado pelo Redome (Registro de Doadores Voluntários de Medula Óssea), coordenado pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca). A segunda surpresa, afirma, é a praticidade da cirurgia em si, nada muito invasivo como muitos imaginam.
Quando recebeu a primeira ligação do Redome, o questionamento inicial, e em todos os demais contatos, era se ele persistiria com a intenção de ser doador. Esta foi a única indagação feita a Wilmar. Passados alguns dias, foi solicitado que realizasse novos exames para analisar melhor a compatibilidade. O procedimento consistiu em coleta de sangue no próprio Hemosul de Campo Grande. Até aí, nada de novo para quem já é doador desde 1990.
Depois de mais um período de espera, veio um novo contato, agora já com o pedido para que Wilmar se dirigisse à cidade de Curitiba, onde faria uma bateria de exames para verificar a sua condição física, ou seja, se ele estava apto para passar pelo procedimento cirúrgico. Após este período, e já de volta a Campo Grande, 15 dias depois ele já estava novamente em Curitiba para realizar a doação que ocorreu no mês junho.
Ao todo, permaneceu três dias internado e o pós cirúrgico se resumiu a um desconforto na região da bacia, local onde é retirada a medula: – “Não posso nem classificar como dor” defende ele. De recomendação pós-doação, Wilmar não pôde erguer peso por 15 dias, no mais, vida normal.
O servidor conta que recebeu uma anestesia raquidiana e a coleta se deu na região da bacia, por meio de duas perfurações nas costas, para retirar a medula dentro do osso. O doador, conta ele, tem duas opções de retirada de sua medula, uma, menos invasiva que coleta na artéria próxima do coração, e outra na região dos ossos. Ele optou pelo segundo método, considerado “mais invasivo”, pois tem menos chances de rejeição para quem recebe.
A quantidade extraída também varia, quando adulto, é necessário mais, mas, no caso, como se tratava de uma doação para uma criança (a única informação que a equipe médica transmite) é necessária uma quantidade menor, isto é, depende do peso da pessoa que vai receber. Wilmar explica, também, que as pessoas tem a falsa ideia que, quando se fala em medula óssea, que a extração se dá na coluna e que se corre o risco de ficar paralítico e ficar sem andar, o que é um mito.
“Muitas pessoas dizem que eu salvei uma vida, eu não consigo enxergar desta forma, simplesmente como uma doação. Da mesma maneira como eu doo sangue. Eu sei que isso vai fazer bem para alguém, mas é um gesto de amor e cidadania”, defende, um compromisso de todos, não mais do que isso. “Nós que temos filhos, eu gostaria que alguém se dispusesse a fazer o mesmo pelo meu filho. Quanta dor poderíamos evitar se tivéssemos sangue à vontade, medula, órgãos, tudo isso seria mais fácil de lidar”.
Embora o procedimento seja simples, ele esbarra na reação natural do organismo de rejeitar tecidos estranhos. E, no caso da medula óssea essa rejeição tem características muito especiais que dificultam ainda mais encontrar um doador compatível. Mas, caso houvesse um maior número de pessoas que se disponham a doar, as chances, é claro, aumentariam.
A partir do relato da experiência de Wilmar, que desmistifica muito o processo, pessoas à sua volta, amigos, etc. estão se interessando em se tornar doador de medula. Seu filho, aliás, que já é doador, coincidentemente recebeu a primeira ligação do Redome um dia após Wilmar retornar de Curitiba. Certamente, caso seja, de fato, compatível, o filho irá para sua experiência de doação bem mais tranquilo de como tudo funciona.
E você? Já é doador? É importante manter seus dados atualizados pelo link http://redome.inca.gov.br/doador-atualize-seu-cadastro/. Para quem deseja mais informações, acesse o site do Redome e saiba mais ou então procure o Hemosul em Campo Grande ou o centro de doação de sangue de sua cidade.
