27/05/2014 – Atualizado em 27/05/2014
Perda por dia de jogo pode chegar a R$ 1,5 mil, calcula comerciante. Decreto relaciona práticas de violência à ingestão de bebida álcoolica.
Por: G1
Às vésperas da Copa, comerciantes do entorno do Maracanã estão revoltados. O Rio de Janeiro tem um decreto municipal que proíbe a venda de bebida alcoólica no entorno do Maracanã, assinado em 2009 pelo prefeito Eduardo Paes, que relaciona o consumo de álcool a atos de vandalismo. Durante a Copa do Mundo, a regra continuará valendo em um raio de um quilômetro ao redor do estádio. Com uma exceção: dentro do Maracanã, a venda da cerveja será permitida, com preços a partir de R$ 10 o copo de 473 ml. Impedidos de vender em seus estabelecimentos do lado de fora do estádio, bares e depósitos de bebidas estimam prejuízos durante a competição. (Veja no mapa acima onde funciona a proibição).
O cinturão de segurança no entorno do estádio, que proíbe também o consumo de bebidas alcoólicas naquela área, será reforçado por agentes da Secretaria de Ordem Pública e da Guarda Municipal. Eles obedecem a lei, que fala em atos de violência recorrentes “sob a influência de bebida”.
Gerente de um depósito de bebidas na Rua Eurico Rabelo, a menos de 50 metros do estádio, José Carlos de Almeida diz que deixa de lucrar cerca de R$ 1,5 mil por jogo. “Se pudéssemos vender, conseguiríamos ‘zerar’ uma geladeira com 400 latinhas. Como vendemos basicamente cerveja, em dias de jogos nem abrimos. Refrigerante só se bebe um, já cerveja…”, lamenta ele.
A reclamação foi parar na Justiça, mas as tentativas de reaver o direito de venda foram inúteis, segundo o sócio do bar Clássico do Maraca, na Rua São Francisco Xavier. Severino Barista, que também atende por “Bigode”, diz que a venda chega a cair 50% em dias de partidas no Maracanã — justamente quando deveriam crescer.
“Essa ‘Lei Seca’ já prejudica a gente desde 2009 e vai piorar muito agora na Copa”, protesta.
Dono do Cantinho do Maracanã há 4 anos, Manoel Ribeiro da Silva não chegou a lucrar com a farra que reinava antes do decreto. No entanto, ele não se conforma com “dois pesos e duas medidas”. “Se lá dentro [do estádio] pode, acaba havendo um favorecimento”, afirma.
