Internacional – 02/03/2012 – 15:03
O primeiro-ministro da Rússia, Vladimir Putin, prometeu que não haverá repressão ao crescente movimento oposicionista do país depois da eleição presidencial de domingo, na qual ele é o franco favorito.
Putin, no entanto, rejeitou o pedido de seus rivais por uma repetição das eleições parlamentares, depois das suspeitas de fraude no pleito de dezembro, que motivaram as maiores manifestações contra o premiê em seus 12 anos de hegemonia política na Rússia, abalando sua aura de invencibilidade.
Em declarações publicadas nesta sexta-feira, Putin mostrou-se confiante de voltar à Presidência, que já ocupou de 2000 a 2008, e manter o apoio popular, sem precisar apelar para a repressão nem ceder às exigências da oposição.
Durante encontro na quinta-feira com editores de jornais estrangeiros na sua casa, nos arredores de Moscou, Putin negou ter a intenção de reprimir a oposição. “Será que eu preciso disso?”, afirmou. “Não sei de onde vêm esses medos. Não estamos planejando nada do tipo.”
As autoridades russas costumam ser duras no trato com dissidentes, mas demonstraram moderação diante dos recentes protestos, negociando com seus líderes para definir os locais. A polícia aparece, mas raramente intervém.
Alguns ativistas, no entanto, temem que esse quadro mude depois da eleição presidencial de domingo, em que Putin deve ser eleito para o lugar do seu afilhado político Dmitri Medvedev.
Segundo relato da conversa divulgado pelo site do governo, Putin disse ter a intenção de “estabelecer um diálogo com todos, com os que nos apoiam e com os que nos criticam”.
Acrescentou que ele e Medvedev estão trabalhando para liberalizar o sistema político, enrijecido pelo próprio Putin em seus dois mandatos presidenciais. Isso poderia incluir a volta das eleições diretas para os governos regionais e a autorização para a criação de novos partidos.
Mas ele foi decisivo em rejeitar a repetição das eleições parlamentares, uma das principais exigências da oposição depois da suspeita de fraude no pleito de 4 de dezembro.
Os rivais de Putin reclamam também da sua intenção de ocupar o poder por pelo menos mais seis anos. Putin defendeu essa decisão, dizendo que ele e Medvedev disseram “honesta e claramente ao país” sobre os seus planos ainda antes da eleição parlamentar.
“Enganamos alguém? Não”, disse Putin, que toma posse em maio caso confirme seu favoritismo. Ele disse que pretende nomear Medvedev como primeiro-ministro, completando a troca de cargos.
Numa pesquisa feita em fevereiro pelo instituto de pesquisas Levada, 66 por cento dos eleitores não-indecisos manifestaram intenção de votar em Putin.
Putin se tornou premiê em 2008 porque a lei o proibia de disputar um terceiro mandato presidencial consecutivo. Voltando ao cargo, ele pode tentar a reeleição em 2018, algo que ele considera que seria “normal, se tudo estiver funcionando, e o povo gostar”.
“Mas não sei se quero ficar por uns 20 anos. Ainda não me decidi.”
Fonte: Reuters