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Livro resgata a Escola de Minas, que barrou Santos Dumont e Carlos Chagas

Geral – 24/04/2013 – 11:04

Fundada em 1876 pelo imperador D.Pedro II e terceira instituição de ensino superior do Brasil, a Escola de Minas, que hoje integra a universidade Federal de Ouro Preto, foi a primeira especializada em mineração e geologia no País. Com 137 anos, a serem completados em outubro e, em meio ao fenômeno do Pré-Sal, a escola ganha um livro comemorativo, em edição de luxo e capa dura, contando sua história. O lançamento será nesta quarta (24), no Clube de Engenharia, no Rio.

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Maleta de campo do geólogo francês Gorceix, fundador da escola

A faculdade teve papel estratégico para o crescimento, a modernização e o desenvolvimento do Brasil, como pioneira na formação de uma elite intelectual em área onde o País não tinha escola até então. O realizador do projeto foi o cientista francês Claude-Henri Gorceix, fundador e diretor, trazido para o Brasil com este fim pelo imperador. É de Groceix o mote em latim da escola, “Cum Mente et Malleo” (“Com a mente e o martelo”). Para o francês, a mineralogia deveria ter a boa formação teórica aliada à prática da pesquisa, simbolizada pelo martelo, instrumento básico do geólogo no campo e no exame dos minerais.

Gorceix mantinha correspondência frequente com D. Pedro II e o mantinha informado sobre a organização e funcionamento da escola, que o imperador visitou em 1881. No encontro, assistiu a uma aula do acadêmico e fez um comentário peculiar em seu diário de viagem: “Gostei de ouvir a exposição de ideias tão civilizadas a 80 léguas do Rio de Janeiro, de onde, felizmente, já começou a irradiar-se o progresso para todo o Brasil.”

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Biblioteca da escola tem livros raros

Fez ainda uma segunda visita oito anos depois, acompanhado da Princesa Isabel e D. Pedro Augusto, apenas cinco meses antes de ser destronado pela República.

A Escola de Minas formou muitos alunos que depois se tornaram políticos – como o senador Alfredo Baeta Neves (MG) e o prefeito de Belo Horizonte Américo Giannetti (51-54) –; matemáticos importantes, como Antônio Moreira Callaes; além de geólogos importantes, como Carlos Walter Marinho Campos – a quem a Petrobras aponta como estruturador da Bacia de Campos e formulador da política de exploração em águas profundas, embrião do Pré-Sal, e o ex-presidente da Petrobras Irnack Carvalho do Amaral. A empresa petrolífera é uma das patrocinadoras do livro.

A primeira aluna mulher a se formar foi Maria José de Oliveira Castro da turma de 1957, em Engenharia de Minas, Metalurgia e Civil.

Santos Dumont e Carlos Chagas foram barrados; Getúlio teve de ir embora

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Santos Dumont foi reprovado e não conseguiu entrar na Escola de Minas

Curiosamente, a tradicional Escola de Minas também reprovou e rejeitou a entrada de dois dos maiores ícones históricos das ciências do Brasil: o inventor Alberto Santos Dumont e o pesquisador de doenças tropicais Carlos Chagas.

Santos Dumont matriculou-se no Curso Fundamental da escola, preparatório para as provas de acesso ao superior, em 3 de fevereiro de 1890, aos 16 anos. Seu pai, o engenheiro formado em Paris Henrique Dumont, tivera na cidade o primeiro emprego. O futuro pioneiro da aviação, porém, não foi aprovado nos exames e deixou a cidade em setembro, alegando não ter se adaptado à escola e ao seu “ensino rigoroso”.

Devia ser mesmo porque, cinco anos depois, o jovem Carlos Chagas, 17, também levaria pau na prova de admissão, após passar pelo Curso Preparatório da Escola da Minas. Como no caso do inventor, talvez tenha sido positivo para o País. Rejeitado em Ouro Preto, Chagas se matriculou na Escola de Medicina do Rio de Janeiro em 1897. Mais tarde, tornou-se grande pesquisador de doenças tropicais, estudioso da malária e revelou a enfermidade que levaria seu nome, doença de Chagas.

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Getúlio saiu fugido de Ouro Preto após morte de estudante rival de seus irmãos

Além deles, outro que pretendia passar pelo Curso Preparatório da Escola de Minas, mas não ficou por lá foi o presidente Getúlio Vargas, entretanto por outro motivo. O assassinato a tiros do estudante paulista Carlos de Almeida Prado, em rixa com os irmãos de Getúlio Viriato e Protásio, fez os gaúchos deixarem a cidade mineira.

O livro mostra que a biblioteca tem obras raras, fruto da concepção do criador, Gorceix, como “Arte de los Metales (1640)”, de Álvaro Alonso Barba, “Traité de Mineralogie” (1822-23), de René-Just Hauy e a edição de luxo do conjunto de dez volumes da “Histoire Naturelle des Oiseaux” (1771-1786), de George Louis Leclerc e “Voyage dand les provinces de Rio de Janeiro et de Minas Geraes” (1830), de Auguste Sainte-Hilaire.

Atualmente, a Escola de Minas tem nove cursos, a maioria de Engenharia (entre os quais o de Minas), Geologia e Arquitetura e 612 alunos, entre graduação e pós-graduação.

Fonte: IG

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