Saúde – 11/04/2013 – 10:04
O alerta veio uma tristeza profunda. Há cinco anos, Marina Lazzarini caminhava e percebeu que o braço esquerdo não acompanhava o balançar natural das pisadas e que a perna direita estava mais lenta. Do nada, a letra na escrita ficou minúscula e a depressão tirou da aposentada, na época com 60 anos, até a vontade de sair de casa. Quatro meses depois, após três médicos titubearem, o quarto diagnosticou: Parkinson .
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Marina descobriu ter Parkinson há 5 anos. Além dos medicamentos, ela faz dos exercícios e da arte uma forma de amenizar os sintomas da doença
A doença cerebral que, segundo a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), afeta 200 mil brasileiros ainda não tem a origem muito bem estabelecida pela medicina. Mas entre os leigos os sintomas mais lembrados são os tremores e a rigidez dos músculos. Estes sinais, porém, não são únicos e surgem já em fase mais avançada do problema.
Os médicos agora estão empenhados em divulgar os indícios mais precoces do Parkinson e também o que a ciência já sabe sobre como preveni-lo. Assim como o caso de Marina, o professor de neurologia da Universidade de São Paulo (USP) e coordenador do Ambulatório de Distúrbios do Movimento do Hospital das Clínicas de São Paulo, Egberto Barbosa, diz que a depressão é uma das mensagens de alerta.
“Em uma fase muito inicial, os primeiros sintomas do Parkinson são os transtornos de humor (entre eles a depressão), a perda do olfato e as alterações no sono, como exemplo a insônia”, diz Barbosa.
“Em uma outra fase, logo na sequência, a região do cérebro que produz a dopamina, é alterada. Com isso, aparecem os tremores e a rigidez nos músculos e a dificuldade na coordenação motora.”
Piano e medicamentos
Marina Lazzarini, com o apoio dos 5 filhos, afirma que teve sorte, pois conseguiu um diagnóstico rápido, que não apenas controlou os sintomas mas permitiu que ela não abandonasse uma paixão: tocar piano.
“Sou pianista e graças ao tratamento posso dedilhar música clássica diz”, conta Marina.
“Apesar de ter esperado quatro meses para uma médica dizer o que eu tinha, o meu caso foi rápido. Na Associação Brasil Parkinson, que passei a frequentar, conheci pessoas que passaram anos e anos sem saber o que tinham. Isso fez com que elas convivessem com sequelas mais graves.”
O Parkinson, por enquanto, é uma doença sem cura e o grande benefício dos medicamentos, explica Egberto Barbosa, é amenizar os sintomas. Uma das hipóteses é de que a doença tenha origem genética, mas também seja influenciada por fatores ambientais, como exposição a agrotóxicos e níveis de ácido úrico baixos no organismo.
“Também há uma relação com o processo de envelhecimento natural, já que o passar dos anos promove alterações nos neurônios que podem resultar na doença”, explica o médico.
Café e exercício
Pesquisando as origens do problema cerebral, a ciência já trouxe evidências contundentes sobre os riscos de desenvolver a doença. As pesquisas mostram que as atividades físicas, por exemplo, desencadeiam a produção de substâncias no organismo que dão vitalidade aos neurônios e por isso protegem o cérebro.
A alimentação também ganha destaque, em especial a rica em antioxidantes, como os legumes, as frutas e os peixes.
Fonte: IG