Internacional – 02/02/2012 – 18:02
O secretário-geral da ONU Ban Ki-moon foi recebido com pedras e sapatos e boicotado por representantes da sociedade civil nesta quinta-feira (2) na Faixa de Gaza, o que no mundo árabe significa desprezo. Este foi último dia de visitas de Ban para conseguir a retomada das negociações de paz entre Israel e Palestina.
Em sua chegada à área palestina controlada pelos islamitas do Hamas, a comitiva de Ban Ki-moon foi alvo dos objetos lançados por manifestantes em protesto contra a decisão do secretário-geral de não se reunir com os parentes de palestinos detidos em Israel.
Os manifestantes também exibiram cartazes com a frase “Ban Ki-moon, chega de tomar partido de Israel”.
“A atitude de Ban não é moral nem humana”, declarou Abdallah Qandil, porta-voz das famílias dos prisioneiros palestinos em Israel.
Militantes dos direitos humanos e representantes da sociedade civil cancelaram um café da manhã previsto para esta quinta-feira com o secretário-geral. Segundo eles, Ban se negou a se encontrar com famílias de cerca de 5.000 prisioneiros.
“Nós esperávamos que ele demonstrasse preocupação com o sofrimento de mais de 5.000 palestinos nas prisões israelenses”, explicaram em um comunicado, lembrando que Ban se reuniu várias vezes com os pais do soldado israelense Gilad Shalit, preso por mais de cinco anos em Gaza.
Ban Ki-moon pede que Israel diminua embargo à Gaza
Em uma coletiva de imprensa em Khan Yunes, na faixa de Gaza, o secretário-geral pediu para que Israel alivie o embargo à Gaza, apelando para uma aprovação regular de projetos da ONU e a “abertura de pontos de passagem no território para a exportação”. No entanto, Ban Ki-moon também alertou que “as pessoas da Faixa de Gaza precisam parar de atirar em Israel”.
- Israel reduziu o bloqueio, mas ainda tem que fazer mais e nós na ONU estamos pressionando para que isso aconteça. Os postos de fronteira devem ser reabertos para permitir a passagem de matérias-primas e mais projetos devem ser feitos. Temos que ajudar na importação e exportação de Gaza e a população deveria ter liberdade para ir e vir.
Ban pediu que “seja restaurada a frágil trégua” declarada unilateralmente pelo Hamas e o Exército de Israel em janeiro de 2009, horas depois de as milícias terem lançado sete mísseis de fabricação caseira contra o território israelense, sem causar feridos.
Ban inaugurou em Khan Yunis um projeto de construção financiado pelo Programa de Desenvolvimento da ONU (UNDP). “Há 449 casas sendo construídas”, contabilizou Ban, que acrescentou que espera que “esse projeto acabe no fim do ano”.
- Eu terei um encontro com oficiais israelenses e pedirei a eles que aceitem imediatamente a transferência de matérias-primas para esse projeto.
No verão de 2010, Israel reduziu o cerco imposto à Gaza desde 2007, após as pressões da comunidade internacional depois do ataque que matou nove ativistas de comboio humanitário que tentava chegar à Gaza.
Apesar disso continua sem permitir as exportações e a entrada de material considerado de duplo uso, entre os quais estão itens essenciais à construção e a recuperação da indústria.
ONU quer que judeus e palestinos retomem negociações de paz
O secretário-geral visitou a Jordânia, Israel e territórios palestinos para estimular as duas partes a retomar as conversações “exploratórias” iniciadas com a mediação da Jordânia e do Quarteto para o Oriente Médio (Estados Unidos, Rússia, União Europeia, ONU).
Segundo o jornal israelense Maariv, a ONU, os Estados Unidos e o Quarteto pressionam o primeiro-ministro israelense Binyamin Netanyahu para que adote “medidas que restabeleçam a confiança”.
na e projetos de construção em áreas controladas por Israel, escreveu o jornal, citando fontes políticas. Na Faixa de Gaza, Israel aliviaria o bloqueio autorizando a importação de grandes quantidades de materiais de construção para mil alojamentos e escolas.
Segundo um documento consultado pela, o ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair, representante do Quarteto para o Oriente Médio, propôs “medidas de confiança”, parte delas aplicadas imediatamente e a outra em março. Também é proposto estender o campo de ação da polícia palestina na Cisjordânia e “liberar 5.000 vistos de trabalho em Israel para palestinos”.
Paralelamente, o presidente palestino Mahmud Abbas recebeu o emissário americano para o Oriente Médio, David Hale, que escutou o ponto de vista palestino sobre as reuniões “exploratórias” em Amã, segundo um responsável.
Fonte: R7