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“Isso não me compete”, diz arquiteta que projetou obras em edifício no Rio

Geral – 02/02/2012 – 14:02

A arquiteta e designer Regina Valmoré, contratada pela TO – Tecnologia Organizacional para projetar a identidade visual que deu origem às obras no terceiro e no nono andares do edifício Liberdade –o mais alto dos três que desmoronaram no centro do Rio de Janeiro– afirmou ao UOL que ela “nada tem a ver” com o desabamento, ocorrido na quarta-feira passada (25).

“Isso já foi mais do que esclarecido pelo Crea-RJ (Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Rio de Janeiro). Eu não tenho nada a comentar porque isso não me compete”, disse a arquiteta. A Polícia Civil do Rio investiga se as reformas podem ter relação com o acidente, que deixou ao menos 17 mortos e cinco desaparecidos.

Segundo a assessoria da TO, Valmoré “trabalhou em outras três obras anteriores” realizadas pela empresa no edifício Liberdade. O delegado da 5ª Delegacia de Polícia (Gomes Freire), Alcides Alves Pereira, não confirma se a arquiteta será chamada ou não para depor. A profissional tem sua situação regularizada junto ao Crea-RJ e trabalha em Niterói, na região metropolitana do Rio.

Questionada pela reportagem do UOL sobre a informação de que uma gerente administrativa da TO, identificada como Cristiane do Carmo Azevedo (ela acabou se ferindo durante a tragédia e está hospitalizada), teria realizado alterações no projeto desenvolvido pela arquiteta, Valmoré novamente se limitou a dizer que “isso será esclarecido pelo Crea”.

Na última sexta-feira (10), o proprietário da TO, Sérgio Alves, afirmou em entrevista coletiva que a planta do piso foi elaborada por Cristiane. Segundo a assessoria da empresa, porém, o empresário teria “se expressado mal”. A gerente administrativa teria feito apenas “pequenas intervenções decorativas” em relação ao projeto original. Cristiane seria uma espécie de interlocutora entre a firma e os operários, isto é, ela era a responsável por coordenar a logística do projeto.

Alves admitiu ainda que iniciou os trabalhos no edifício Liberdade sem um laudo técnico assinado por engenheiro. Segundo ele, o síndico exigiu o documento, porém teria aceitado recebê-lo durante a reforma em razão de um problema particular do engenheiro contratado pela empresa, Paulo Sérgio Cunha Brasil.

“Foi acordado que o laudo seria entregue depois que a obra fosse iniciada”, argumentou Sérgio Alves. O dono da TO negou que tenham sido feitas quaisquer modificações na estrutura dos andares.

Segundo o pedreiro Alexandro Ferreira da Silva –resgatado com vida após se esconder no elevador do prédio–, a obra do terceiro andar já estava praticamente concluída. Quanto à reforma do nono andar, que havia começado oito dias antes da tragédia, o operário afirmou em depoimento na 5ª DP que “um bloco de gesso foi retirado do teto”, que “tacos foram removidos do chão para instalação de um carpete” e que um banheiro foi “mudado de lugar”.

A testemunha afirmou ainda que nenhuma parede foi quebrada, “exceto a do banheiro”. Na versão de Alves, três paredes de tijolo foram retiradas do nono andar, das quais “nenhuma seria capaz de interferir na base de sustentação do edifício”.

Estrondo

O empresário Vitor Nogueira, dono da empresa de traduções Primacy Solutions, disse em depoimento à polícia na tarde de segunda-feira (30) que, na noite anterior à do desabamento, funcionários seus que participavam de uma reunião no edifício Liberdade ouviram um barulho muito forte vindo do nono andar.

A informação é do advogado do empresário, Edil Murilo. “O Vitor relatou durante o depoimento que uma noite antes do desabamento, por volta de 19h40, oito funcionários da Primacy [no oitavo andar] que participavam de uma reunião ouviram um estrondo vindo do andar de cima e interromperam tudo”, disse o advogado.

De acordo com Murilo, durante o depoimento o empresário entregou ao delegado fotos de como era o oitavo andar, mostrando que todas as lajes eram escoradas por vigas de tipo mão francesa.

Todos os 35 funcionários da empresa de Vitor Nogueira –que funcionava no prédio há sete anos– já tinham encerrado o expediente e não estavam mais no local.

Investigação

De acordo com o delegado Alcides Alves Pereira, já foram ouvidos o síndico do edifício Liberdade, Paulo Renha, o operário que foi resgatado após buscar proteção no elevador do prédio, Alexandro Ferreira da Silva, e outras 19 testemunhas. Representantes da empresa TO – Tecnologia Organizacional devem prestar depoimento durante a semana, mas ainda não foram intimados.

No domingo (29), Pereira visitou o local do desastre e analisou o trabalho dos bombeiros durante 20 minutos. Após conversar com peritos que o acompanhavam e profissionais envolvidos no processo de resgate, o delegado deixou o local sem falar com a imprensa.

Desde a última semana, a Polícia Civil evita apontar potenciais causas e possíveis culpados pelo desastre, mas admite que o trabalho de perícia técnica será altamente prejudicado em razão das dimensões do acidente. Segundo o secretário estadual de Defesa Civil, coronel Sérgio Simões, “não sobraram partes inteiras, apenas escombros”.

Além disso, muitos documentos e outras pistas que poderiam auxiliar na investigação se perderam com a tragédia. Com isso, a ideia dos investigadores é reconstruir o contexto do desabamento a partir de relatos de pessoas que trabalhavam no local e comparar os dados com as versões do síndico e da empresa TO, além de resultados periciais.

Fonte: UOL

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