CPMIs e CPIs avançam sobre descontos ilegais de aposentados, esquemas bilionários e a atuação de facções no Estado
As fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social e o avanço do crime organizado estiveram no centro das principais investigações do Congresso Nacional ao longo de 2025. Parlamentares concentraram esforços na apuração de descontos ilegais em benefícios previdenciários, no funcionamento de esquemas ligados a facções criminosas e na conclusão das comissões que investigaram apostas on-line e manipulação de resultados esportivos.
Instalada em agosto, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito do INSS realizou 29 reuniões até o início de dezembro e deve retomar os trabalhos em fevereiro de 2026. As investigações indicam que sindicatos e associações utilizaram convênios com o INSS para aplicar descontos mensais sem autorização de aposentados e pensionistas. Na próxima etapa, o foco será a apuração de irregularidades em empréstimos consignados, com suspeitas de assédio, concessões sem consentimento e renovações fraudulentas que resultaram em dívidas elevadas.
De acordo com o presidente da CPMI, senador Carlos Viana, mais de 1,6 milhão de beneficiários teriam sido atingidos. O balanço parcial aponta mais de R$ 1,2 bilhão em movimentações financeiras consideradas incompatíveis, além da análise de milhares de documentos, quebras de sigilo e identificação de mais de uma centena de empresas suspeitas.
Ao longo dos trabalhos, a comissão ouviu ex-ministros, servidores e investigados. Um dos depoimentos de maior repercussão foi o de Antônio Carlos Camilo Antunes, apontado como operador do esquema, que teria movimentado dezenas de milhões de reais em poucos meses. Prisões também foram decretadas contra dirigentes de entidades e ex-gestores do INSS acusados de falso testemunho ou envolvimento direto nas fraudes.
As investigações foram marcadas por embates políticos entre governistas e oposição, com troca de acusações sobre a origem das irregularidades. Enquanto parlamentares da base atribuíram parte do problema a medidas adotadas em gestões anteriores, a oposição sustentou que a maior parte dos desvios ocorreu recentemente. Apesar das divergências, a CPMI deve apresentar relatório preliminar em fevereiro, com possibilidade de prorrogação dos trabalhos até 2026.
Além do INSS, o Senado instalou a CPI do Crime Organizado, que passou a investigar a estrutura financeira de facções, lavagem de dinheiro, uso de criptomoedas, infiltração no setor público e o sistema prisional. Desde novembro, a comissão ouviu especialistas e autoridades, incluindo o ministro da Justiça, e prepara a ampliação das oitivas para governadores e secretários de segurança no próximo ano.
O Congresso também encerrou, em 2025, duas CPIs relacionadas a apostas on-line. A CPI das Bets terminou sem aprovação de relatório final, enquanto a CPI da Manipulação de Apostas Esportivas aprovou um documento que pediu o indiciamento de investigados e propôs mudanças na legislação para coibir fraudes em competições esportivas.
As comissões refletem um ano de intensa atividade investigativa no Parlamento, com foco em esquemas que atingiram aposentados, o sistema financeiro e a segurança pública, além de pressionar por mudanças legais e administrativas para evitar novas irregularidades.
com informações Agência Senado
