Em entrevista, representantes da irmandade destacaram o trabalho voluntário e o poder da ajuda mútua no combate à dependência química.
O Café da Manhã, da Caçula FM, recebeu nesta quinta-feira, 18, os representantes do Narcóticos Anônimos (NA), Gustavo Panfani e Virgínio Marçal, que falaram sobre o trabalho realizado pela irmandade e as ações de conscientização que vêm sendo realizadas em todo o país. Durante a entrevista, os convidados compartilharam experiências pessoais e reforçaram a importância da ajuda mútua na recuperação de pessoas que enfrentam a dependência química.
Gustavo explicou que o Narcóticos Anônimos é uma sociedade sem fins lucrativos, formada por homens e mulheres que encontraram nas reuniões um espaço de acolhimento e mudança. “Narcóticos Anônimos é uma irmandade composta por pessoas para quem as drogas se tornaram um problema maior. Nós nos reunimos regularmente para compartilhar experiências e buscar a recuperação em um ambiente de autoajuda entre iguais”, explicou.
Ele destacou ainda que o programa é totalmente voluntário e gratuito, sem a presença de profissionais da saúde. “Não há médicos, psicólogos ou psiquiatras. Nós mesmos nos recuperamos com base na literatura dos Doze Passos e na experiência de outros membros”, afirmou.
De acordo com Gustavo, qualquer pessoa com o desejo de parar de usar drogas pode participar das reuniões. Não há cadastro, controle ou obrigação. “A frequência é livre, e o único requisito é o desejo de parar. Tudo em Narcóticos Anônimos é feito por meio de sugestões, nunca por imposição”, completou.
Durante a entrevista, Gustavo também apresentou dados sobre a presença do programa no país. Só no Mato Grosso do Sul, há 119 reuniões semanais, sendo 93 apenas em Campo Grande, uma das cidades com maior número de grupos no Brasil.
Os representantes estão em viagem pelo estado para divulgar o Fórum de Ação Local (FAO), evento que acontece entre os dias 19 e 21 de dezembro, em Campo Grande, reunindo lideranças de várias regiões do país. “Essas atividades têm o objetivo de fortalecer a irmandade e levar a mensagem de recuperação a mais pessoas”, disse Gustavo.
Já Virgínio Marçal, de 76 anos, também compartilhou seu testemunho e emocionou os ouvintes ao falar sobre sua história de superação. Ele contou que chegou ao NA após tentar outros métodos sem sucesso e encontrou na irmandade o apoio que precisava. “Depois de tentar vários lugares e não conseguir, encontrei em Narcóticos Anônimos algo diferente: lá ninguém me julgou. Falaram comigo sobre amor, e isso me desarmou. Fiquei curioso e decidi ficar. Desde então, tenho aprendido a viver com amor e gratidão”, contou.
Virgínio ressaltou que o programa está presente em mais de 150 países e traduzido para mais de 40 idiomas, o que demonstra sua força e alcance global. Segundo ele, o lema principal de Narcóticos Anônimos é o amor, e essa é a base que sustenta o trabalho voluntário. “O nosso programa é um programa de amor. Quando se fala em amor, tudo fica mais fácil. É isso que nos mantém em recuperação e nos faz querer ajudar o próximo”, destacou.
Os representantes encerraram a entrevista deixando um recado aos ouvintes e familiares de pessoas que enfrentam o vício: “Se você tem problema com drogas, dê uma oportunidade a si mesmo. Vá a uma reunião, fique até o final e veja o que temos a oferecer. Narcóticos Anônimos promete apenas uma coisa: que você vai perder o desejo de usar drogas e encontrar uma nova maneira de viver”, afirmou Gustavo.
Eles também lembraram que quem quiser mais informações pode acessar o site www.na.org.br ou entrar em contato com a linha de ajuda 132, que orienta sobre o grupo mais próximo de cada pessoa.
Ao final, foi deixada uma mensagem de esperança e gratidão. “Nós somos a prova viva de que é possível mudar. O que Narcóticos Anônimos nos oferece é uma nova vida e é isso que queremos compartilhar com todos”, concluiu Virgínio.
