Cinco cidades receberam a obra que uniu teatro, escuta terapêutica e debates sobre maternidade, saúde mental e as dores silenciosas das mulheres.
A circulação do espetáculo “Puerpéria” chegou ao fim neste domingo, 30, em Costa Rica (MS), marcando o encerramento de uma jornada afetiva que passou também por Três Lagoas, Brasilândia, Nova Andradina e Campo Grande. A última apresentação foi acompanhada pela sensação de acolhimento e gratidão, sentimentos que, segundo a equipe, atravessaram toda a turnê e foram construídos coletivamente por cada mulher que participou das sessões e rodas de escuta.
As imagens registradas pelo fotógrafo Rodolfo Colino ajudam a traduzir a potência da apresentação final, realizada com apoio da Prefeitura Municipal de Costa Rica e da Secretaria Municipal de Políticas Públicas para Mulheres. Para a equipe, o público da cidade abraçou o projeto de forma intensa, contribuindo para um encerramento simbólico e profundamente afetivo.
Criado e protagonizado pela atriz e diretora três-lagoense Déia Fernandes, o espetáculo mergulha nas vivências emocionais e silenciosas que permeiam o puerpério e o período pós-parto, dores que, como indica a frase-tema da obra, “não gritam, mas sangram”. Déia celebrou a turnê como marco dos seus 30 anos de carreira, reforçando que este deve ser seu último trabalho em cena, já que pretende se dedicar exclusivamente à direção teatral.

UMA OBRA QUE ULTRAPASSA O PALCO
Desde o início do processo, “Puerpéria” se propôs a ir além da experiência artística tradicional. Construído a partir das vivências pessoais da autora e de um processo profundo de escuta com outras mulheres, o projeto se desenvolve como uma ação social e terapêutica, oferecendo espaço seguro para relatos, trocas e compartilhamento de dores invisíveis.
As rodas de escuta, parte essencial da proposta, acompanharam a equipe em todas as cidades visitadas. Em Campo Grande, por exemplo, a iniciativa reuniu relatos emocionados sobre maternidade, violência silenciosa e saúde mental. Em cada município, a interação com o público reforçou a dimensão social do espetáculo e fortaleceu a equipe a seguir com a escuta sensível que estrutura o projeto.

TURNÊ MARCADA POR EMOÇÃO E RECONHECIMENTO
As apresentações anteriores foram descritas pela equipe como experiências de profunda conexão com o público. Em Nova Andradina, a terceira sessão da turnê ocorreu em clima de forte emoção. “Chegamos à terceira apresentação em uma noite emocionante, com mulheres fortes e de uma sensibilidade ímpar”, registrou Déia em suas redes sociais.
A circulação contemplada pela Política Nacional Aldir Blanc (PNAB) via Governo Federal, Ministério da Cultura, Governo de Mato Grosso do Sul e Fundação de Cultura de MS, permitiu que o espetáculo alcançasse diferentes públicos, ampliando debates sobre saúde mental, maternidade e violência contra a mulher.
Com a finalização da turnê em Costa Rica, a equipe se despede temporariamente, mas reforça que a jornada não termina aqui. “Puerpéria nunca foi apenas um espetáculo, mas um projeto de cunho social e terapêutico. Todos os feedbacks dessas cinco cidades nos fortalecem a seguir nessa troca tão potente”.



