Estudos apontam impactos no sono, atenção, criatividade e habilidades sociais de crianças pequenas
O uso cada vez mais precoce e prolongado de telas por crianças tem preocupado profissionais da saúde e da educação. Pesquisas apontam associação entre o excesso de exposição e dificuldades de atenção, de sono e de desempenho escolar. Além disso, o tempo gasto diante de celulares, tablets e televisores pode reduzir a criatividade, prejudicar habilidades sociais e aumentar a dependência de estímulos digitais, especialmente quando não há supervisão adulta.
Entre 0 e 6 anos, período em que o cérebro infantil já tem cerca de 95% da sua estrutura formada e segue em pleno desenvolvimento, os impactos são ainda mais sensíveis. A luz azul emitida pelas telas interfere na produção de melatonina, hormônio responsável pelo sono, afetando memória, aprendizagem e regulação emocional. Outro efeito é a sobrecarga de dopamina, neurotransmissor ligado à sensação de prazer, que cria um ciclo de dependência baseado em recompensas rápidas, como vídeos curtos e curtidas, dificultando a tolerância ao tédio e o envolvimento em tarefas que exigem maior esforço cognitivo.
Especialistas também apontam aumento de irritabilidade, desinteresse por brincadeiras presenciais, dificuldade de concentração nas atividades escolares e redução da linguagem espontânea entre crianças expostas a telas de forma excessiva. Quando esses sinais são persistentes, é indicado reavaliar a rotina digital e buscar orientação de profissionais da saúde ou da educação.
A Academia Americana de Pediatria recomenda que crianças de 0 a 2 anos não utilizem telas, exceto em videochamadas com familiares. Entre 2 e 5 anos, o limite diário é de até uma hora, com conteúdos educativos e acompanhamento de um adulto. Para crianças maiores, a orientação é manter equilíbrio entre o uso das tecnologias e hábitos saudáveis, como brincar, praticar atividades físicas, dormir bem e conviver em família.
Além da mediação do uso digital, especialistas reforçam a importância de oferecer atividades que estimulem o neurodesenvolvimento, como desenhar, escrever, explorar ambientes e promover interações sociais. O objetivo é garantir que as tecnologias sejam aliadas, e não um fator de risco, no crescimento infantil.
com informações Correio do Estado


