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sexta-feira, 3 de outubro, 2025

Surto de metanol em bebidas já causa morte e fecha bares no Brasil

Ministério da Saúde confirma 11 casos e uma morte; outros 48 casos são investigados. Estabelecimentos suspendem venda de destilados por medo de contaminação

O Brasil já contabiliza 11 casos confirmados de intoxicação por metanol após o consumo de bebidas alcoólicas adulteradas, segundo o Ministério da Saúde. Outros 48 casos seguem sob investigação. A atualização foi feita na última quinta-feira (2), pelo ministro Alexandre Padilha, em entrevista à imprensa na Sala de Situação montada pelo governo para acompanhar o avanço das ocorrências.

Inicialmente, o ministro havia citado 12 casos, incluindo o do rapper Hungria, internado em Brasília. Posteriormente, o ministério corrigiu a informação e classificou o caso do artista como suspeito.

Entre os 59 casos notificados (confirmados e em investigação), apenas uma morte foi confirmada até agora, no estado de São Paulo. Outros sete óbitos estão sendo investigados: dois em Pernambuco e cinco também em São Paulo.

HUNGRIA
O rapper Gustavo Hungria, conhecido como Hungria, deu entrada no Hospital DF Star, em Brasília, com sintomas típicos de intoxicação por metanol: cefaleia, náuseas, vômitos, visão turva e acidose metabólica. Ele está internado em uma unidade de terapia intensiva, em estado estável e consciente.

Segundo o boletim médico, o artista iniciou tratamento com hemodiálise para a eliminação da substância tóxica, mas ainda não há previsão de alta. A equipe do músico informou que ele está “fora de risco iminente” e cancelou sua agenda de shows para o fim de semana.

TREINAMENTO
Em resposta à crise, associações representativas do setor de bebidas intensificaram ações de combate ao mercado ilegal. A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), a Associação Brasileira de Bebidas Destiladas (ABBD) e a Associação Brasileira de Bebidas (Abrabe) estão oferecendo cursos gratuitos para donos e funcionários de bares e restaurantes.

O treinamento ensina como identificar sinais de adulteração em garrafas, tampas, rótulos e líquidos. A tampa é considerada o principal ponto de segurança, devendo apresentar acabamento preciso e arte de alta qualidade. A presença de lacres plásticos sobrepostos é vista como um indicativo de falsificação.

Também é necessário verificar o selo fiscal, obrigatório em bebidas destiladas importadas. Selos autênticos, produzidos pela Casa da Moeda, revelam apenas uma letra por vez na holografia (R, F ou B). A visualização de todas as letras simultaneamente pode indicar falsificação.

PREVENÇÃO
As entidades orientam estabelecimentos a redobrar os cuidados: comprar apenas de fornecedores conhecidos, exigir nota fiscal e, sempre que possível, verificar a autenticidade das notas junto à Receita Federal. Um levantamento feito pela Federação de Hotéis, Bares e Restaurantes do Estado de São Paulo (FHORESP) aponta que 36% das bebidas comercializadas no Brasil são falsas, adulteradas ou contrabandeadas.

Além disso, os cursos ressaltam os riscos legais. Estabelecimentos que negligenciam a procedência das bebidas podem ser responsabilizados criminalmente. A recomendação é reforçar a vigilância, especialmente em eventos realizados fora de ambientes fiscalizados.

IMPACTO
O medo causado pelos casos de intoxicação já começa a alterar hábitos sociais. Em São Paulo, o garçom Marcílio Eduardo Ferreira da Silva Júnior, que celebraria o aniversário neste sábado em um bar, cogita cancelar a festa. “Gosto de beber gin e whisky, mas acho que não vai ter comemoração. Estou com medo”, declarou.

No bairro de Santa Cecília, zona oeste da capital paulista, bares também adotaram medidas preventivas. Um deles, onde trabalha Rafael Douglas Martins, suspendeu a venda de destilados por tempo indeterminado. “Mesmo com fornecedores confiáveis, decidimos parar por segurança, tanto dos clientes quanto nossa”, disse.

RISCO
Segundo Eduardo Cidade, presidente da ABBD, o comércio ilegal de bebidas destiladas é impulsionado pela alta carga tributária e pela impunidade. Ele alerta que produtos ilegais são vendidos até 48% mais baratos do que os originais, o que favorece sua proliferação no mercado.

“Essa expansão coloca em risco a saúde da população. Em 100% dos casos identificados em operações policiais, as bebidas falsificadas estavam envasadas em garrafas originais reutilizadas”, afirma.

Com informações Agência Brasil

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