Abadá Capoeira promove projetos sociais e acolhe a comunidade com ações de educação, esporte e cidadania.
Em entrevista ao programa “A Hora da Notícia” da Caçula FM desta terça-feira, 12, o instrutor Carlos Alberto, conhecido como ‘Panda’, da Abadá Capoeira, compartilhou a trajetória e o impacto do trabalho realizado pela associação em Três Lagoas. Com mais de 15 anos de atuação na cidade, a Abadá Capoeira combina arte, luta, música e projetos sociais, promovendo inclusão e cidadania. Panda, que é capoeirista desde 1998, destacou a importância da capoeira como ferramenta de resistência cultural e social, além de convidar a população a conhecer e participar das atividades.
Natural de Iturama, Minas Gerais, Panda começou na capoeira em 1998 e, após se formar em Educação Física e iniciar um doutorado na UFMS com pesquisa sobre a capoeira, mudou-se para Três Lagoas em 2016. Ao assumir como professor da rede estadual na Escola José Ferreira, no bairro Jupiá, ele se conectou ao professor Barata, que já liderava projetos da Abadá Capoeira na cidade.
Desde então, Panda comanda o projeto Baraca Poeira Jupiá, que há nove anos transforma a realidade da comunidade local. “A comunidade do Jupiá é muito acolhedora. As pessoas se conhecem pelo nome, sabem da família, dos antepassados. Chego para dar aula e, se esqueço a chave na moto, um aluno me avisa. É uma comunidade que faz sua própria segurança”, destacou Panda, elogiando o espírito coletivo do bairro.
A Abadá Capoeira, sigla para Associação Brasileira de Apoio e Desenvolvimento da Arte Capoeira, foi fundada em 1988 no Rio de Janeiro pelo Mestre Camisa e está presente em todos os estados brasileiros e em mais de 80 países. Em Três Lagoas, a associação mantém núcleos em diversos pontos, como Jupiá, Paranapungá, Residencial Orestinho, Hardcore Gym, CT365 e Academia Move.
As aulas, oferecidas por Panda, professor Barata, instrutor Vaquejado e graduado Didi, incluem bolsas para alunos carentes e até musculação, desde que mantenham bom desempenho escolar. “Nosso trabalho vai além da capoeira. No Jupiá, levamos alunos que se destacam para treinar na academia com bolsa. Temos ex-alunos que começaram na escola e hoje estão na universidade, cursando História, por exemplo”, explicou Panda.
A Abadá Capoeira realiza eventos que integram esporte, cultura e cidadania. Todo primeiro sábado do mês, uma roda de capoeira acontece na Feira Livre, às 9h, aberta a todos, sem a exigência de uniforme. “É um momento para as pessoas conhecerem a capoeira e se conectarem com a cultura. Fazemos um bate-papo sobre temas importantes, como a campanha de doação de sangue deste ano, para conscientizar sobre a importância de manter os estoques dos hemocentros”, disse Panda.
Além disso, a associação promove campanhas anuais com temáticas sociais, como a preservação das matas ciliares do rio Paraná, combate à violência infantil e prevenção às drogas. No Jupiá, a comunidade ribeirinha participou de ações como palestras com engenheiros florestais e mutirões de limpeza. “Cada ano elegemos um tema e trabalhamos ele em todas as nossas ações, com alunos, pais e a comunidade”, afirmou.
Panda reforçou que a capoeira é acessível a qualquer pessoa, independentemente de idade, peso, gênero ou condicionamento físico. “Você não precisa ser atleta. Temos métodos que contemplam desde iniciantes até quem já pratica crossfit ou idosos. Cada um dentro de suas limitações, mas todos desenvolvem habilidades”, explicou. Ele destacou que a capoeira é luta, música e resistência cultural, mas acima de tudo, um espaço de inclusão. “Na roda, todos jogam juntos. O mais experiente cuida do iniciante, e o iniciante se sente à vontade para ser protagonista.”
Sobre a essência da capoeira, Panda esclareceu que, apesar de ser uma luta, o objetivo não é o nocaute, mas o diálogo corporal. “Você esquiva, não defende com força. O golpe é assertivo, mas o jogo é construído juntos. Na competição, separamos por categorias de peso e cordas, com jogos como Benguela, Siriuna e São Bento Grande, cada um com suas características, mas sempre sem violência.”
Panda convidou a população de Três Lagoas a conhecer a capoeira, destacando sua origem e importância cultural, afirmando que todo brasileiro deveria entender essa arte, mesmo sem praticá-la. Ele mencionou os locais e horários dos treinos com diferentes instrutores, ressaltando que a capoeira é para todos, independentemente de idade ou porte físico.